A chegada da MPOX a Angola - Um apelo à preparação e à compaixão

A chegada da MPOX a Angola - Um apelo à preparação e à compaixão

Num desenvolvimento significativo para a saúde pública em África, Angola notificou o seu primeiro caso de MPOX (anteriormente conhecido como Varíola dos Macacos), marcando um novo capítulo na batalha em curso contra as doenças infecciosas emergentes. A partir de agora, o país está a enfrentar um desafio de saúde internacional que exige uma acção rápida e coordenada, que combine ciência, comunicação e compaixão para proteger a população e reduzir o estigma.

A MPOX, uma doença viral que provoca febre, erupções cutâneas e, por vezes, complicações graves, está intimamente relacionada com a varíola, embora seja geralmente menos fatal. Historicamente, a MPOX estava sobretudo confinada a alguns países da África Central e Ocidental. No entanto, nos últimos anos, foi registado um número sem precedentes de casos em todo o mundo, o que provocou alarme e pôs em evidência as vulnerabilidades mesmo das nações mais desenvolvidas. Angola, tal como muitos países do continente africano, tem lidado historicamente com numerosas crises sanitárias, desde o VIH/SIDA ao Marburgo, e desenvolveu um profundo conhecimento da necessidade de sistemas de saúde robustos para responder a tais surtos.

No entanto, este caso assinala a crescente interconexão dos riscos globais para a saúde e a importância da vigilância e da preparação. Angola enfrenta agora a tarefa de evitar que a MPOX se propague ainda mais, ao mesmo tempo gerir a ansiedade que frequentemente acompanha os novos surtos. As lições aprendidas com outros surtos recentes de doenças infecciosas serão cruciais para orientar a resposta de Angola à MPOX. 

Como agir e proteger a todos?

O Ministério da Saúde de Angola em colaboração com diferentes ministérios e seus parceiros estratégicos, incluindo as famílias, deve agir de forma decisiva, assegurando o rápido isolamento dos indivíduos infectados, o rastreio dos contactos e campanhas de educação pública para mitigar a transmissão.

Um elemento crítico desta resposta será a transparência e a comunicação clara. Existe frequentemente uma tendência para estigmatizar as doenças, particularmente as de origem desconhecida ou com sintomas invulgares. Com os holofotes da media internacional virados para Angola, é essencial que os funcionários do governo, as organizações de saúde e os meios de comunicação social trabalhem em conjunto para dissipar mitos, fornecer informações exactas e evitar criar receios desnecessários. Isto é especialmente importante no caso de uma doença como a MPOX, que pode ser facilmente mal compreendida devido às suas semelhanças com a varíola e à cobertura sensacionalista dos meios de comunicação social que acompanha frequentemente as novas ameaças à saúde.

Além disso, Angola deve actuar para garantir que as infra-estruturas de saúde pública estejam equipadas para uma resposta abrangente. Existem vacinas e tratamentos antivirais para a MPOX, mas é necessário dar prioridade ao acesso a estes recursos por parte das populações de alto risco e dos profissionais de saúde da linha da frente. O reforço das capacidades em matéria de testes de diagnóstico, vigilância da doença e rastreio de contactos será essencial para evitar que o vírus se propague para além do caso inicial.

Ao lidar com a MPOX, um dos desafios mais críticos que Angola poderá enfrentar é lidar com a perceção do público e promover a compreensão de como a doença é transmitida. Embora a doença se propague principalmente através do contacto próximo com indivíduos ou animais infectados, o receio de um contágio generalizado pode criar um pânico injustificado. Este facto faz com que a educação seja um instrumento crucial na prevenção da propagação do vírus e das consequências sociais do estigma.

Por último, a cooperação regional será fundamental. O caso de Angola não é um incidente isolado. Os países vizinhos são igualmente vulneráveis a surtos de doenças infecciosas. A coordenação das respostas de saúde pública, a partilha de recursos e a colaboração em investigação sobre vacinas e tratamentos serão necessárias para proteger toda a região.

O aparecimento da MPOX em Angola deve ser encarado não só como um desafio, mas também como uma oportunidade para reforçar as infra-estruturas de saúde do país e demonstrar solidariedade com a comunidade mundial no combate às doenças infecciosas. É um lembrete de que nenhum país está imune aos riscos colocados pelas doenças e que a preparação, a compaixão e a colaboração são fundamentais para os ultrapassar.

Angola, com a sua experiência na gestão de epidemias e a resiliência do seu povo, está bem posicionada para lidar com a crise. Respondendo rapidamente, partilhando informações precisas e demonstrando liderança, o país pode conter a propagação da MPOX e continuar o seu progresso no sentido de melhorar a saúde da população. Perante tais desafios, a comunidade mundial para a saúde deve manter-se unida - porque, como mostra o primeiro caso de MPOX em Angola, o mundo está cada vez mais interligado e nenhum país pode dar-se ao luxo de avançar sozinho.

Por: Dr. Walter Firmino, Oficial de Emergência de Saúde da OMS em Angola.

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