Transformar a OMS AFRO para transformar a saúde na Região Africana

Transformar a OMS AFRO para transformar a saúde na Região Africana

Pela Dr.ª Matshidiso Moeti

O surto de Ébola de 2014 na África Ocidental e os seus efeitos devastadores nas vidas humanas foram avisos sérios dos perigos provocados por sistemas de saúde fracos. Para a comunidade internacional, o surto realçou a importância da segurança sanitária e da preparação para as epidemias e demonstrou o quão rápido surtos de doenças locais se tornam problemas mundiais.

Existe uma concordância quase universal de que a resposta internacional ao surto do Ébola foi inadequada – foi demasiado lenta, insuficiente e tardia. Todos os que responderam, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ficaram assoberbados pela escala e devastação do Ébola.

Felizmente, graças aos esforços herculanos dos parceiros locais e mundiais, fomos capazes de travar quase por completo esta epidemia mortal. No entanto, existem evidências que o vírus pode persistir durante meses em alguns sobreviventes, levando ao recrudescimento da doença, tal como ocorreu na semana passada na Libéria.

Em resumo, agora não é a altura para a complacência; pelo contrário, é a altura para um optimismo cauteloso, reflexão e para a acção. O próximo surto, seja qual for e onde for, pode apresentar desafios novos e ainda mais complexos e nós teremos de estar preparados. Isto não é meramente uma opção, é um mandato.

No Escritório Regional da OMS para a África (OMS AFRO), vemos com muita seriedade a nossa responsabilidade para cumprirmos este mandato. Para prevenir outra crise como a que acabámos de viver, estamos a mudar a forma como trabalhamos – de forma rápida e concreta.

Hoje, demos um passo na direcção certa. Na 65.ª sessão do Comité Regional Africano da OMS em N’Djamena, no Chade, os ministros da saúde e os altos responsáveis dos 47 Estados-Membros da OMS AFRO subscreveram a nova Agenda de Transformação da nossa organização. Esta agenda irá tornar a OMS AFRO na agência da saúde com capacidade de resposta, transparente e eficaz que a Região necessita e merece.

As reformas subscritas hoje irão incidir em quatro áreas de foco. Iremos promover e incutir valores partilhados como a excelência, inovação, responsabilidade e transparência. Iremos focar-nos no trabalho técnico do Secretariado da OMS sobre prioridades que reflectem os problemas de saúde mais importantes na Região, assegurando que as intervenções com base em evidências são empregues quando e onde são mais necessárias. Iremos criar operações estratégicas com capacidade de resposta e reforçar a capacidade de gestão para adequar eficazmente os recursos aos desafios de saúde prementes. E, por fim, iremos reforçar as parcerias estratégicas e articular e comunicar de forma mais eficaz as contribuições da OMS ao desenvolvimento sanitário em toda a Região.

Estas quatro áreas de foco transformativo não são apenas pontos de discussão ou chavões – serão medidas e avaliadas relativamente a um conjunto robusto de indicadores de desempenho, com uma monitorização e avaliação rigorosas para medir os nossos progressos. Serão utilizadas para responsabilizar a OMS AFRO – e eu – às nossas partes interessadas mais importantes: o povo africano.

Em muitos aspectos, a transformação da OMS AFRO já começou. Desde Fevereiro que temos estado a trabalhar para reforçar a preparação e a resposta a epidemias em 14 países não afectados pelo vírus do Ébola, resultando no controlo bem-sucedido de surtos de meningite no Níger, de cólera entre os refugiados em Kigoma, na Tanzânia, e de febre tifóide na Zâmbia. Melhorámos a nossa colaboração com os parceiros internacionais, incluindo com a Comissão da União Africana (CUA) à medida que trabalhamos com vista à criação de um Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças. Estamos a trabalhar para fazer crescer a capacidade de investigação da saúde de África, reforçar os sistemas de saúde e, no fim de contas, assegurar a cobertura universal de saúde.

Estas reformas muito necessárias na OMS AFRO aparecem num momento crucial. Há apenas dois meses, a comunidade internacional acordou um novo quadro – os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – que irão orientar os nossos esforços colectivos para criar um mundo melhor, mais saudável e mais sustentável ao longo dos próximos quinze anos. Embora a Região Africana tenha feito grandes progressos com vista a melhorar a saúde e o bem-estar dos seus cidadãos, é necessário um esforço renovado para cumprir a agenda por concluir dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) e alcançar a promessa dos ODS.

Orientada pela nossa Agenda de Transformação, a OMS AFRO está pronta para liderar nesta nova era – mas não podemos fazê-lo sozinho. Alcançar uma verdadeira mudança transformativa em toda a Região exigirá o apoio dos parceiros de todos os sectores, incluindo governo, indústria, sociedade civil, mundo académico e comunidades locais. Todos temos de avançar e comprometer-nos em alcançar os ODS e criar a África que queremos deixar às nossas crianças.

Estou convencida de que, ao trabalharmos juntos, podemos e iremos elevar a saúde na Região Africana a um novo nível. Agora é a hora de começar.

Sobre a autora: a Drª Matshidiso Moeti é a Directora Regional da OMS para África. A Dr.ª Moeti é uma veterana da saúde pública, com mais de 35 anos de experiência nacional e internacional. É a primeira mulher a exercer o cargo de Directora Regional da OMS para África.

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Para mais informações, contactar:
Collins Boakye-Agyemang, Conselheiro Regional de Comunicações; 
Tel: +242 06 520 6565; e-mail: boakyeagyemangc [at] who.int (boakyeagyemangc[at]who[dot]int)

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