Num evento simbólico, marcado por testemunhos e renovação de compromissos para garantir que nenhuma criança seja deixada para trás sem vacinação, o Governo de Angola prestou uma sentida homenagem a todos os voluntários, parceiros e profissionais de saúde que, ao longo de décadas, dedicaram as suas vidas à luta pela erradicação da poliomielite em Angola. 

Segundo a Ministra da Saúde, Dra Silvia Lutucuta, Angola enaltece o sacrifício e a bravura de profissionais de saúde, parceiros e voluntários que enfrentaram desafios imensos, desde conflitos armados a terrenos inacessíveis, para proteger as crianças contra a poliomielite. 

“Esta é uma jornada marcada por imensos desafios, mas também por uma coragem inabalável e pela convicção de que nenhum obstáculo é maior do que garantir a vacinação e o direito de cada criança a um futuro saudável. Por isso, comemoramos as conquistas alcançadas e reafirmamos o nosso compromisso inabalável de concluir esta jornada. Que esta homenagem sirva como um tributo eterno a todos aqueles que, ontem e hoje, dedicaram as suas vidas à causa da saúde pública em Angola. Juntos, continuaremos a escrever esta história de superação e esperança, até que a pólio seja apenas uma memória distante”.

Desde que Angola aderiu à iniciativa global pela erradicação da pólio, com o lançamento do programa “Um Mundo sem Pólio” no Dia Mundial da Saúde, a 7 de Abril de 1995,  os esforços de milhares de mulheres e homens têm sido a pedra angular deste compromisso nacional. Desde então, as primeiras campanhas de mobilização, incluindo concursos infantis e torneios desportivos como o emblemático Angola_Chuta a Pólio em 1997, despertaram uma onda de solidariedade e voluntariado nacional. Esses momentos tornaram-se significativos para acelerar as iniciativas de erradicação da pólio em Angola, reforçadas pelo empenho dos  profissionais de saúde, comunidades, lideres religisos, administrações locais, exército, organizações não governamentais, agências das Nações Unidas e sector privado.

José Soares Caetano, o primeiro oficial de promoção da saúde da OMS em Angola e antigo membro do comité de lançamento da iniciativa global para a erradicação da poliomielite em Angola, juntamente com Balbina Felix, Joana Admiro e Sandra Regina, também funcionárias da OMS, constam entre os homenageados como Campeões da Pólio. Ao discursar, José Caetano expressou os seus agradecimentos a OMS, mencionando ter sido um evento histórico, sobretudo por ter sido escolhido um reformado entre a equipa da OMS em Angola, com direito a discurso, numa homenagem com presença de figuras ao mais alto nível do governo  e também da antiga equipa do MINSA, como o ex-Ministro José Van-Dúnem e a Vice-Ministra Teresa Cohen, dentre outros. 

“Se há um mérito, um prémio ou um louvor a ser feito, este será sem dúvidas para os parceiros da coligação para a erradicação da Pólio, com destaque para a OMS, o UNICEF, o Rotary International, as Forças Armadas, as Igrejas e o sector privado. Somos muito gratos pelo trabalho conjunto realizado com o Governo de Angola ao longo dos anos para vacinar e proteger todas crianças de contrair paralisia infantil".

As ações do passado abriram caminho para os avanços actuais, inspirando uma nova geração de profissionais a assumir o testemunho. Hoje, novos desafios se colocam ao país na tentativa de erradicar completamente a poliomielite, incluindo o movimento populacional transfronteiriço e a presença de vários pontos informais de passagem transfronteiriços com todos os riscos de importação do pólio vírus, infra-estruturas inadequadas, desinformação e hesitação em vacinar, força de trabalho limitada dos cuidados de saúde e o financiamento insuficiente. 

Embora o governo de Angola tenha declarado o fim da interrupção da transmissão do vírus pólio selvagem em Novembro de 2015, a Dra Fernanda Alves, Coordenadora do Escritório da OMS em Angola, considera que os esforços e a determinação do passado continuam a guiar as iniciativas presentes para a erradicação da poliomielite. Acrescentando que, “Angola fez progressos louváveis na sua luta contra a poliomielite e tem desenvolvido iniciativas cruciais para manter o estatuto de país livre da poliomielite, um mérito que deve-se também ao empenho abnegado de campões da pólio que lutaram para garantir que nenhuma criança em Angola sofra de poliomielite”.

“Erradicar a poliomielite significa que nenhuma criança voltará a sofrer a paralisia causada pelo virus da polio e a incapacidade vitalícia causadas por esta doença. Significa também que os recursos atualmente dedicados à poliomielite podem ser redireccionados para outros desafios de saúde prementes, ampliando o impacto das iniciativas de saúde globais. A OMS vai continuar a honrar os esforços dos campões da pólio, apoiando o governo de Angola para que o país ultrapasse os desafios da erradicação da pólio, através de uma abordagem multifacetada, incluindo o reforço da vigilância, melhoria da cobertura da vacinação, enfrentar a hesitação à vacina, implementar estratégias inovadoras e reforçar o compromisso político e financeiro sustentado”. 

A homenagem aos Campeões da Pólio em Angola, contou com a presença de membros do Governo central, Vice-Governadores para o Sector Político e Social, Chefes do Gabinete Provincial de Saúde e Chefes de Departamento Provincial de Saúde Pública, Representantes das Agências da ONU, das Organizações nacionais e internacionais, do scetor privado e da sociedade civil.