Vacinar para proteger a todos!

Vacinar para proteger a todos!

Numa constante busca pela promoção de um estilo de vida saudável, deparamo-nos ainda com o desafio da protecção contra patógenos que desafiam o nosso sistema imunológico. Neste contexto, as vacinas emergem como uma poderosa aliada, fortalecendo a nossa defesa natural e reduzindo os riscos de doenças. Explorar o papel essencial das vacinas na manutenção de uma vida plena e saudável é crucial para compreendermos como garantir energia e vitalidade perante os desafios do quotidiano.

 

No século XVIII, o médico inglês Edward Jenner realizou um experimento pioneiro que levou à criação da primeira vacina. Ao observar que pessoas que ordenhavam vacas e contraíam a doença animal tornavam-se imunes à varíola humana, Jenner conduziu um estudo com o vírus de uma doença adquirida das vacas, que apresentava sintomas semelhantes à varíola. Este processo inovador de utilizar a mesma medicação em indivíduos com sintomas semelhantes foi oficialmente denominado "vacinação", em referência à sua origem bovina.

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a vacina é uma preparação destinada a gerar imunidade contra uma doença, estimulando a produção de anticorpos. As vacinas são a forma mais efectiva de prevenir doenças, deficiências e mortes. Quando recebemos uma vacina, o nosso corpo passa por um processo complexo e crucial para fortalecer a imunidade. O processo de inocular o vírus ou bactéria, atenuados, mortos ou tão somente pequenas partes deles no nosso organismo, demanda do nosso sistema imunológico uma resposta específica para combatê-los. Ao fazê-lo, o nosso sistema gera uma memória, os anticorpos, de curto ou longo prazo. Assim, caso sejamos novamente expostos a mesma doença, o nosso sistema imunológico já conseguirá combatê-la por ser uma doença de estrutura conhecida. As reacções que experimentamos quando somos vacinados, como febre ou mal-estar, são o sinal desse grande trabalho interno que acontece no sistema imunológico.

 

Actualmente, graças aos avanços tecnológicos, a produção das vacinas está cada vez mais sofisticada e segura, e essas já são capazes de prevenir contra mais de 20 tipos de doenças, por isso, chamadas de imunopreveníveis. Deste modo, a vacinação previne a contração de doenças que podem ser transmitidas de forma directa, através do contacto físico com uma pessoa ou animal infectado por uma doença, sem a interferência de um objecto intermediário, e de forma indireta, através da transferência do microorganismo (vírus ou bactéria causadora da doença) via objectos contaminados por um doente (alimentos, água e objectos contaminados) e transmitidas por vectores (moscas, carrapatos, mosquitos, ratos, morcegos e outros). Dependendo do tipo do vírus ou bactéria, estes podem possuir um sistema de reprodução muito rápido, o que significa que para as doenças de transmissão directa, uma única pessoa doente pode contaminar muitas outras ao seu redor. 

 

O poder da vacina

Felizmente, ao vacinar-se o indivíduo protege a si e aqueles ao seu redor. Quando 95% da população está vacinada há uma diminuição da quantidade de agentes infecciosos em circulação, possibilitando uma protecção colectiva nas comunidades. A epidemia de febre amarela e a pandemia da COVID-19 evidenciaram o quão perigoso um vírus pode ser para a população. É responsabilidade de cada um de nós vacinar-se, vacinar os seus e garantir que períodos como estes, recentemente vividos, tornem-se uma lembrança do passado. 

 

O Ministério da Saúde de Angola, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e parceiros tem trabalhado arduamente, para garantir que as vacinas cheguem de forma gratuita à população e que estejam ao alcance do maior número de indivíduos em todo o país, como é o caso da vacina contra a poliomielite.  Por isso, após ter confirmado a 27 de Fevereiro de 2024 um surto de poliovírus derivado da vacina (VDPV2) circulante do tipo 2, em resposta ao mesmo, Angola realizou quatro campanhas de vacinação em massa em todo o país, sendo duas a nível nacional e outras duas a nível subnacional. Como resultado deste esforço louvável do governo e seus parceiros, cerca de 17 milhões de doses de vacina nVPO2 foram administradas a crianças com menos de cinco anos de idade.

 

Importa referir que Angola tem registado progressos significativos na luta contra a poliomielite e foi declarada livre do vírus selvagem da poliomielite em 2011. Todavia, devido a baixa cobertura vacinal tem enfrentado surtos esporádicos de pólio, reafirmando a importância de todos juntos e unidos, reforçar a vigilância; melhorar a cobertura vacinal; abordar a hesitação à vacina; implementar estratégias inovadoras e revitalizar o compromisso político e financeiro sustentado, para garantir que todas as crianças sejam vacinadas e protegidas da paralisia e da incapacidade vitalícia causadas pela pólio. 

 

Os exemplos são evidentes - a vacinação já salva milhões de vidas todos os anos, e é amplamente reconhecida como uma das intervenções de maior sucesso para a protecção da saúde das populações. Por isso, temos todos a responsabilidade de nos proteger e de proteger a nossa família contra as doenças preveníeis por vacinação, adoptando três medidas cruciais: 

a) vacine-se e assegure que as suas crianças recebam as vacinas de rotina;

b) sensibilize os seus familiares, amigos e vizinhos sobre a importância da vacinação;e

c) esteja atento às datas das campanhas de vacinação anunciadas pelo governo e receba bem a equipa de vacinação.  Somente juntos, podemos criar um futuro livre de doenças imunopreveníveis e proteger todos ao nosso redor. Mantenha-se informado através de fontes seguras. Acesse a página Ministério da Saúde: www.vacina.gov.ao ou da OMS https://www.afro.who.int/pt/countries/angola.

 

Escrito por:

Dra. Danielle Cavalcante, especialista em imunização da OMS em Angola

Dra. Leila Rafaela da Silva, especialista em saúde pública da OMS em Angola                           

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