A Jornada de Pedro Mutaseque e a força de um grupo de autocuidado para vencer a lepra

A Jornada de Pedro Mutaseque e a força de um grupo de autocuidado para vencer a lepra

Mr. Supranational 2024, Dr. Fezile Mkhize, greets Pedro Mutaseque Paphelo, president of a leprosy selfcare group in Murrupula, Nampula, northern Mozambique, during a leprosy awareness campaign.


Pedro Mutaseque, hoje com 60 anos, conhece o peso do preconceito e o estigma contra a lepra. Durante muitos anos, ele viveu na sombra dessa doença, que deixou marcas visíveis em seu corpo, e algumas invisíveis: o olhar de medo das pessoas, os sussurros, o isolamento. Ninguém queria ficar perto dele. 

Porém, depois de iniciar o tratamento adequado, algo mudou. Lentamente, ele viu as feridas se curarem — por fora e por dentro. Juntou-se a um grupo de autocuidado no distrito de Murrupula, Nampula, onde aprendeu a cuidar de si e encontrou, pela primeira vez em muito tempo, acolhimento.  

Seu compromisso no combate à doença e ao preconceito que vem com ela o levaram a ser hoje presidente do grupo. Pedro ensina outras pessoas diagnosticadas com lepra como realizar o tratamento de forma correta e luta contra a desinformação na comunidade. 

O homem que um dia foi evitado passou, então, a ser procurado. Pedro fez questão de acompanhar cada caso novo de lepra em sua comunidade. Graças à atuação do grupo de autocuidado, todas as pessoas com a doença estão em tratamento, e aqueles que antes carregavam a lepra há anos também conseguiram reverter seus quadros, sem nenhuma perda de membro ou consequências mais graves. 

E apesar de Pedro considerar o grupo sua família, foi durante esse processo todo que conheceu uma ativista que também actuava na causa. Casaram-se. Hoje, têm sete filhos. 

O grupo de autocuidado, atualmente, reúne mais de 50 pessoas. Eles actuam como educadores e vigilantes da saúde, visitando casas, conscientizando vizinhos, auxiliando no diagnóstico precoce e acompanhando os pacientes até o fim do tratamento.  

O impacto dessas histórias chegou até a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MISAU) de Moçambique, que visitaram as comunidades de Ribaue e Murrupula, na província de Nampula, para conhecer de perto o trabalho de Pedro e do seu grupo, por meio do programa de combate à lepra da Fundação Sasakawa. A OMS não apenas reconheceu a força dessa mobilização comunitária, como também levou materiais educativos às escolas da região — envolvendo crianças na luta contra o preconceito — e doou bacias e sabão, itens fundamentais para a higiene adequada dos pacientes com lepra, prevenindo infecções e agravamentos. 

Além disso, o Mr. Supranacional 2024, Dr. Fezile Mkhize, médico e influenciador, acompanhou a visita para dar visibilidade à causa. Dr. Fezile compartilhou com seus mais de 90 mil seguidores nas redes sociais imagens e histórias da comunidade.  

Pedro Mutaseque é hoje símbolo de luta contra a lepra. Ele mostrou que é possível vencer a doença e que um grupo de autocuidado activo na comunidade pode salvar muitas vidas. Agora, com o apoio da OMS, segue lutando contra o estigma e preconceito que a doença ainda traz. 

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