É necessária uma acção urgente para combater a crescente ameaça da resistência aos antimicrobianos na Região Africana

É necessária uma acção urgente para combater a crescente ameaça da resistência aos antimicrobianos na Região Africana

Brazzaville - Apesar dos progressos notáveis realizados nos países africanos, é fundamental uma resposta acelerada à ameaça crescente da resistência aos antimicrobianos (RAM) para evitar as previsões de 4,1 milhões de mortes anuais até 2050, com consequências graves para os cuidados de saúde e a estabilidade económica.

No âmbito da sua estratégia regional para acelerar a implementação e a monitorização dos planos de acção nacionais de combate à resistência aos antimicrobianos (2023-2030) na Região Africana da OMS, a Organização Mundial de Saúde (OMS) na Região Africana prestou apoio a todos os seus 47 Estados-Membros para que possam desenvolver planos de acção nacionais de combate à resistência aos antimicrobianos, tendo 38 destes planos sido aprovados pelas autoridades nacionais.

Face a uma série de desafios, como o financiamento limitado, a capacidade inadequada da força de trabalho e os fracos sistemas de vigilância da resistência aos antimicrobianos, a estratégia regional procura ultrapassar os obstáculos através do apoio a uma abordagem multissectorial da governação, da melhoria das capacidades de diagnóstico, da criação de programas sólidos de gestão e do apoio a campanhas de sensibilização para orientar a utilização responsável dos agentes antimicrobianos.

Actualmente, 43 países na Região Africana participam no Sistema Mundial de Vigilância da RAM da OMS (GLASS pelo acrónimo em inglês), embora subsistam lacunas na recolha e representatividade dos dados. A OMS está a colaborar com os países para reforçar a capacidade laboratorial, aumentar a monitorização da utilização de agentes antimicrobianos e melhorar a tomada de decisões baseada em dados factuais.

Além disso, o pacote de formação regional em matéria de gestão de agentes antimicrobianos desenvolvido pela OMS foi testado na República Democrática do Congo, no Gana, na Nigéria e na Zâmbia. Esta formação dota os profissionais de saúde das competências necessárias para garantir que os agentes antimicrobianos são utilizados de forma judiciosa para retardar o desenvolvimento da resistência.

Este ano, a Semana Mundial de Sensibilização para a RAM está a ser assinalada sob o tema "Educar. Sensibilizar. Agir agora! A campanha mundial aumenta a sensibilização e a compreensão da resistência aos antimicrobianos, ao mesmo tempo que promove as melhores práticas, com o tema de 2024 a sublinhar o imperativo de uma acção urgente e coordenada contra esta ameaça. 
“A resistência aos antimicrobianos não é apenas um desafio médico; ma sim um fardo complexo e multifacetado que exige uma resposta de toda a sociedade. Os sistemas de saúde e as economias de África não podem suportar o custo da inacção, mas, com a colaboração, é possível mitigar eficazmente o impacto da RAM e proteger a saúde pública em toda a Região", afirmou a Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África.

Para promover a necessária sensibilização de toda a sociedade e a mudança de comportamentos, a OMS, juntamente com os seus parceiros, está a intensificar os esforços de sensibilização dos profissionais de saúde, dos decisores políticos e do público. Iniciativas como os programas de jovens embaixadores na Nigéria, que formaram centenas de jovens defensores, estão a ajudar as comunidades a compreender a importância da utilização responsável de agentes antimicrobianos e os riscos para a saúde associados à utilização indevida.

A resistência aos antimicrobianos ocorre quando os agentes patogénicos, incluindo bactérias e vírus, evoluem para resistir aos medicamentos concebidos para os eliminar. Este fenómeno compromete a eficácia dos tratamentos e torna cada vez mais difícil o tratamento de muitas doenças infecciosas. Só em 2019, a resistência aos antimicrobianos esteve diretamente associada a 1,27 milhões de mortes só na África Subsariana. 

Além da utilização excessiva e indevida de antibióticos, a resistência aos antimicrobianos é também impulsionada pela utilização incorrecta de agentes antimicrobianos na agricultura, na criação de animais e até em práticas ambientais como a eliminação de resíduos. Reconhecendo esta interligação entre a saúde humana, animal e ambiental, a OMS apoia uma abordagem "Uma Só Saúde", com programas relacionados a serem activamente implementados em 41 países da Região Africana. 

Para conseguir sistemas de saúde resilientes com capacidade para equilibrar o acesso a medicamentos essenciais com uma gestão antimicrobiana rigorosa, é fundamental um compromisso financeiro sustentado. Sendo assim, a OMS, em parceria com os Centros Africanos de Controlo de Doenças (CDC de África) e outras organizações importantes, está também a trabalhar no sentido de aumentar a sensibilização política para chamar a atenção para a necessidade urgente de financiamento sustentado da resposta à resistência aos antimicrobianos, especialmente para as populações difíceis de alcançar.

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