Ministros da saúde africanos lançam um movimento para travar o impacto da drepanocitose

Ministros da saúde africanos lançam um movimento para travar o impacto da drepanocitose

Lomé – Os ministros da saúde africanos lançaram hoje uma campanha para aumentar a sensibilização e reforçar a prevenção e os cuidados para travar o impacto da drepanocitose, uma das doenças mais comuns na Região, mas que recebe uma atenção inadequada.

Mais de 66% dos 120 milhões de pessoas que sofrem de drepanocitose a nível mundial vivem em África. Aproximadamente 1000 crianças nascem todos os dias com a doença em África, tornando-a na doença geneticamente adquirida mais prevalente na Região. Mais de metade destas crianças morrerá antes de atingirem os cinco anos de idade, normalmente devido a infecção ou anemia grave.

A drepanocitose é uma doença do sangue hereditária que reduz a sobrevivência dos glóbulos vermelhos, causando anemia - muitas vezes chamada anemia falciforme. Níveis fracos de oxigénio no sangue e obstruções dos vasos sanguíneos em pessoas com drepanocitose podem causar dores intensas nas costas, no peito, nas mãos e nos pés, bem como infecções bacterianas graves.

Na Região Africana, registaram-se 38 403 mortes por drepanocitose em 2019, um aumento de 26% em relação ao ano 2000. O fardo da drepanocitose resulta de um baixo investimento nos esforços envidados para combater a doença. Muitas unidades de saúde pública em toda a Região não dispõem dos serviços de prevenção, detecção precoce e cuidados para combater a drepanocitose. A existência de pessoal inadequado e a falta de serviços nas unidades de saúde de níveis inferiores também dificultam a resposta eficaz à doença.

A campanha, lançada durante um evento paralelo para reforçar a sensibilização à drepanocitose durante a septuagésima segunda reunião do Comité Regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a África, a reunião emblemática da região, visa reforçar a vontade e o envolvimento políticos, assim como os recursos financeiros para a prevenção e controlo da drepanocitose em toda a Região. Procura também sensibilizar o público acerca da doença nas escolas, comunidades, instituições de saúde e meios de comunicação social e defender sistemas de saúde mais robustos, de modo a garantir serviços de qualidade e ininterruptos e um acesso equitativo a medicamentos e ferramentas inovadores.

“A maioria dos países africanos não dispõe dos recursos necessários para prestar cuidados abrangentes às pessoas com drepanocitose, apesar da disponibilidade de intervenções comprovadas e economicamente vantajosas para a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento desta patologia,” disse a Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África. “Precisamos de destacar esta doença e ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com ela.”

Devido à falta de programas de rastreio neonatal e de vigilância em toda a Região, existe uma falta de dados precisos e fiáveis sobre a doença. Além disso, a recolha de dados sobre a drepanocitose não está incluída na maior parte dos inquéritos nacionais às populações. Estas lacunas de dados tiveram um impacto negativo na priorização e na afectação de recursos para a doença.

Para além do seu impacto na saúde pública, a drepanocitose também representa inúmeros custos económicos e sociais para as pessoas afectadas e as suas famílias, podendo interferir com muitos aspectos das vidas dos doentes, incluindo a educação, o emprego, o bem-estar e o desenvolvimento mental e social.

“Não podemos continuar a ignorar o fardo significativo causado pela drepanocitose,” disse a Dr.ª Moeti. “Devemos esforçar-nos mais para melhorar o acesso ao tratamento e aos cuidados, incluindo ao aconselhamento e ao rastreio neonatal, garantindo que os programas são descentralizados e integrados, estando os serviços a ser prestados às comunidades e ao nível dos cuidados de saúde primários.”

A Dr.ª Moeti frisou a necessidade de mais investimento e de parcerias e colaboração mais fortes para ajudar a reverter a tendência do aumento dos casos de drepanocitose em África.

Para além da OMS, a nova campanha está a ser apoiada por parceiros, incluindo o Banco Mundial, o Departamento de Serviços Humanos e de Saúde dos Estados Unidos, a Fundação Novartis, a Global Blood Therapeutics e a SickleInAfrica.

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