Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África
Estimados colegas e parceiros,
Alegro-me de poder celebrar convosco o Dia Internacional da Mulher deste ano em reconhecimento das mulheres e raparigas que defendem o avanço da tecnologia digital transformadora.
O tema deste ano, “DigitALL: Innovation and technology for gender equality (Inovação e tecnologia para a igualdade de género)”, destaca o papel da tecnologia inovadora na promoção da igualdade de género e na satisfação das necessidades das mulheres e raparigas em matéria de saúde e desenvolvimento.
A nível mundial, verificou-se que o número cada vez maior de telemóveis e de ligação à Internet e a sua utilização facilitou o acesso a informações e serviços de saúde.
A adopção da saúde digital e de outras inovações tecnológicas teve um impacto positivo nos registos médicos electrónicos, na gestão de dados de saúde, na segurança e na comunicação eficaz entre os profissionais de saúde, os doentes e as partes interessadas da comunidade.
As inovações melhoraram igualmente o reforço das capacidades e a tradução dos conhecimentos através de formação online, webinares e ferramentas inovadoras para os cuidados aos doentes - como a telemedicina, a robótica e a inteligência artificial.
Os esforços de inovação facilitaram um melhor acesso a serviços de saúde de qualidade e encorajaram a participação de indivíduos, famílias e partes interessadas das comunidades nos cuidados de saúde, especialmente durante os confinamentos decretados no âmbito da COVID-19.
Em Dezembro de 2018, organizámos o primeiro Desafio da OMS para a Inovação na Região Africana. Tratou-se de um esforço fundamentado com vista a encontrar soluções para aplacar as necessidades de saúde não satisfeitas do continente e reconhecer as inovações desenvolvidas internamente que poderiam resolver os desafios de saúde na Região.
Mais de um terço das mais de 2 400 candidaturas procedentes de 77 países foram enviadas por empresas lideradas por mulheres e uma delas surgiu nos três principais galardoados. Devemos incentivar e apoiar tal dedicação.
Apraz-me ver o entusiástico reforço em termos de inovação baseada nas tecnologias da informação e comunicação (TIC) que foi implementado na luta contra a COVID-19 e outras doenças na Região.
Estas tecnologias incluem nomeadamente o uso de drones no Gana, no Ruanda, na Serra Leoa, na África do Sul e no Maláui; robôs para assistência clínica no Ruanda; painéis de mapeamento de vulnerabilidades baseados em imagens de satélite no Gana, na Nigéria e na Serra Leoa; e Chatbots no WhatsApp na África do Sul.
Do mesmo modo, Angola, a Etiópia, a Nigéria e o Uganda estão a utilizar ferramentas de auto-diagnóstico, aplicações para o rastreio de contactos e ferramentas de lavagem automática das mãos movidas a energia solar – para mencionar apenas algumas.
Na área da saúde reprodutiva, tecnologias inovadoras, como a YeneHealth, uma inovação digital que apoia as mulheres a adquirirem o direito de decidir por elas; o NoviGuide 2.4, uma aplicação de ultra-som utilizada nos cuidados neonatais e que ajuda a reconhecer e a agir quando os sinais de perigo são notados; e as aplicações para smartphones como a Safe Delivery, que estão a ser testadas em oito países, revelaram uma mais-valia para os serviços de saúde reprodutiva, materna, neonatal, infantil e adolescente, quando são amplamente implementadas.
Contudo, somos capazes de fazer mais para eliminar a clivagem digital entre os géneros, que afecta principalmente as mulheres e raparigas vulneráveis, especialmente as das zonas rurais e remotas com nível de escolaridade e estatuto socioeconómico baixos.
O relatório de 2021 da Associação de Operadores de Telemóveis ressaltou que as infra-estruturas inadequadas, a falta de competências digitais inerentes à Internet e as TIC, e as barreiras relacionadas com o género em torno do acesso e do controlo dos recursos são os principais obstáculos à “conectividade significativa” para as mulheres e raparigas.
Podemos enfrentar este desafio ao:
1. levar a cabo acções de sensibilização sobre a clivagem digital entre os géneros;
2. defender a adopção de políticas e de quadros jurídicos para garantir a segurança das mulheres e das raparigas; e
3. promover a participação das mulheres na ciência, na tecnologia e mormente nas TIC.
Ao implementar estas acções, garantimos que as mulheres e raparigas desfavorecidas e vulneráveis também beneficiam de forma equitativa das inovações digitais e tecnológicas para melhorar a sua saúde e bem-estar.
Vamos também trabalhar para garantir que as mulheres e as raparigas estão seguras online. Isto irá libertá-las da violência de género online, nomeadamente da ciberperseguição, do assédio sexual, do tráfico e de graves violações da privacidade.
Ao celebrarmos o Dia Internacional da Mulher, exorto todas as partes interessadas – desde os governos e parceiros à sociedade civil e aos cidadãos - a apoiarem abordagens orientadas para os países e sensíveis ao género com vista a colmatar o fosso existente entre géneros digitais.
Feliz Dia Internacional da Mulher!
Saiba mais:
Página inicial das inovações do Escritório Regional da OMS para a África. Disponível em inglês em: https://innov.afro.who.int/
Clivagem digital entre os géneros. Disponível em inglês em:
https://www.itu.int/itu-d/reports/statistics/2021/11/15/the-gender-digital-divide/
https://www.oecd.org/digital/bridging-the-digital-gender-divide.pdf
Índice de clivagem digital relativo ao género. Disponível em inglês em: https://gddindex.com/