Mensagem da Directora Regional da OMS para a África
Em 1967, o Dr. Baruch Blumberg (1925-2011) descobriu o vírus da hepatite B. Dois anos depois, também desenvolveu a primeira vacina contra a hepatite B. O Dr. Baruch Blumberg nasceu a 28 de Julho e, por esse motivo, comemora-se hoje o Dia Mundial contra a hepatite.
A infecção pelo vírus da hepatite B é evitável pela vacinação. Ademais, os médicos podem agora tratar com sucesso a hepatite C, causada pelo vírus da hepatite C, com medicamentos antivirais.
A hepatite provoca a quebra da estrutura normal do fígado, o que impede que funcione correctamente. O tema deste ano para o Dia Mundial contra as Hepatites, “Uma Vida, Um Fígado”, procura realçar a ligação entre a infecção por hepatite viral e a inflamação do fígado - isto é, lesões e danos no fígado - e as questões mais amplas da saúde do fígado e dos cuidados de saúde primários.
A hepatite B é habitualmente transmitida de mãe para filho durante o nascimento e o parto. A hepatite B é também transmitida através do contacto com sangue ou outros fluidos corporais durante o sexo com um parceiro infectado, injecções inseguras ou exposições a instrumentos cortantes.
A hepatite C é transmitida através do contacto com o sangue de uma pessoa infectada através de transfusões de sangue não rastreadas, partilha de agulhas e práticas sexuais inseguras que levam à exposição directa ao sangue.
Hoje, mais de 91 milhões de africanos vivem com hepatite. Em 2019, estima-se que tenham ocorrido 1,2 milhões de novas infecções por hepatite e 125 000 mortes relacionadas com a doença na Região Africana. Os óbitos imputáveis às hepatites ocorrem majoritariamente entre os segmentos jovens e produtivos da população.
A estratégia mundial da OMS contra as hepatites, aprovada por todos os Estados-Membros da Organização, e o Quadro para uma Resposta Multissectorial Integrada à Tuberculose, ao VIH, às infecções sexualmente transmissíveis e à hepatite na Região Africana da OMS visam reduzir as novas infecções por hepatite em 90% e as mortes em 65% até 2030.
A OMS apoia os esforços nacionais e regionais para eliminar a hepatite viral até 2030, dando orientações claras para a prevenção, testagem e tratamento da hepatite viral centrados nas pessoas, descentralizados e simplificados, incluindo a eliminação da hepatite B através da vacinação à nascença (no dia do nascimento ou no dia seguinte).
Ainda há muito a fazer para reduzir as mortes e as infecções relacionadas com a hepatite. Apesar de estarem disponíveis ferramentas de diagnóstico e tratamentos eficazes, mais de 90% das pessoas que vivem com hepatite em África não recebem os cuidados de que necessitam, e menos de 10% da população tem acesso a testes e tratamento. Estas lacunas conduzem à doença avançada progressiva do fígado, à carga financeira devastadora, à angústia emocional e ao estigma. O rastreio e o tratamento enquanto abordagens de saúde pública continuam a ser a vertente mais negligenciada da resposta.
O fardo mais elevado de infecção devida à hepatite B em crianças com menos de 5 anos de idade ocorre nos países sem vacinação contra a hepatite B à nascença. A vacinação, portanto, é um componente importante na luta contra a hepatite. Fico satisfeita por todos os 47 Estados-Membros da Região Africana terem incluído a vacina contra a hepatite B na vacinação de rotina. No entanto, a cobertura da vacinação infantil de rotina contra a hepatite B na Região cifra-se em 72%, o que é muito abaixo da meta mundial de 90%. A partir de 2022, 16 países na Região administram uma dose da vacina à nascença a todos os recém-nascidos, um aumento em relação a 11 países em 2021.
Vamos tirar partido das ferramentas e intervenções disponíveis para garantir a saúde do fígado para todas as pessoas.
Temos de tornar os serviços disponíveis através de serviços de cuidados de saúde primários fortes e cada vez mais financiados por recursos nacionais. As intervenções de testagem e tratamento devem fazer parte do pacote essencial de serviços de saúde prestados através dos cuidados de saúde primários integrados, que satisfazem as necessidades dos indivíduos de todas as idades (recém-nascidos, crianças, adolescentes, cuidados de saúde reprodutiva e materna).
Temos de reforçar a cobertura vacinal contra a hepatite B para atingirmos a meta de 90% acordada a nível mundial. Por isso, exorto todos os países a trabalhar para introduzir a dose à nascença da hepatite.
Encorajo os decisores políticos e os parceiros a demonstrarem o seu compromisso político para com a realização de testes, prevenção e tratamento contínuos e simplificados da hepatite, como parte de uma saúde mais ampla do fígado e dos cuidados de saúde primários, para se alcançar a eliminação da hepatite viral. Lembro às comunidades que devem recorrer aos serviços de vacinação, rastreio, tratamento e curativos da hepatite através de todos os serviços de saúde disponíveis.
Gostaria também de felicitar a Namíbia, o primeiro país a registar-se junto da OMS como um país firmemente empenhado na eliminação da hepatite B. Espero que outros países da Região sigam em breve o exemplo.
Para saber mais:
Ficha informativa sobre a hepatite B
Hepatites: Uma visão geral sobre
Hepatites: Visão geral, sintomas e tratamento