Dia Mundial da Audição 2025

Mensagem do Dr. Chikwe Ihekweazu, Director Regional interino da OMS para a África

O Dia Mundial da Audição 2025, assinalado anualmente em todo o mundo a 3 de Março, constitui uma plataforma crucial para aumentar a sensibilização sobre a surdez e a perda de audição, e para promover o acesso a cuidados otológicos e auditivos em todo o continente africano.

A audição é fundamental para a comunicação, a educação, o emprego e o bem-estar geral. No entanto, em África, estima-se que 40 milhões de pessoas vivam com perda de audição incapacitante, um número que continua a crescer. Se não for tratada, a perda de audição pode prejudicar o desenvolvimento da fala, o progresso académico e as oportunidades económicas. Pode também levar ao isolamento social, ao estigma e à redução da qualidade de vida. Em termos económicos, a perda de audição não tratada custa às economias africanas cerca de 27,1 mil milhões de dólares americanos por ano em perda de produtividade.

A boa notícia é que mais de 60% da perda de audição nas crianças pode ser prevenida com medidas simples de saúde pública. Nos adultos, muitas das principais causas de perda de audição - como as infecções, a exposição excessiva ao ruído e a utilização de medicamentos ototóxicos - podem ser prevenidas ou atenuadas através de intervenções atempadas. As infecções nos ouvidos, a cera, a meningite e a perda de audição relacionada com a idade continuam a ser desafios prevalecentes, mas a sensibilização, a detecção precoce e os cuidados adequados podem fazer uma diferença significativa.

Uma das principais ameaças emergentes é a crescente prevalência da exposição ao ruído em actividades recreativas. Mais de mil milhões de jovens em todo o mundo correm o risco de sofrer perdas de audição permanentes devido à exposição prolongada a música alta proveniente de dispositivos de escuta pessoais e de ambientes ruidosos. Além disso, à medida que a esperança de vida aumenta, a perda de audição relacionada com a idade está a tornar-se uma preocupação crescente de saúde pública.

Apesar do aumento do peso da perda de audição, os cuidados auditivos continuam a ser pouco prioritários em muitos países africanos. No entanto, estão a ser feitos progressos: Actualmente, 20 países têm um coordenador nacional designado para os cuidados otológicos e auditivos, enquanto 11 estabeleceram programas nacionais funcionais de cuidados otológicos e auditivos. 

Embora estes sejam passos na direcção certa, é necessário fazer muito mais para garantir o acesso a cuidados auditivos de qualidade para todos.

Para enfrentar o desafio, temos de:

  • melhorar o acesso a cuidados auditivos, especialmente em comunidades carenciadas;
  • combater o estigma e as ideias erradas sobre a perda de audição através de campanhas de educação e de sensibilização;
  • reforçar as políticas nacionais para integrar os cuidados auditivos nos sistemas de cuidados de saúde primários;
  • alargar os programas de formação para aumentar o número de profissionais qualificados no domínio dos cuidados auditivos; e
  • investir em infra-estruturas e dispositivos de assistência, assegurando que os aparelhos auditivos, os implantes cocleares e outras tecnologias estão disponíveis e acessíveis a quem deles necessita.

O tema deste ano, Mudança de mentalidades: Assume o controlo. Vamos tornar os cuidados auditivos uma realidade para todos, é um poderoso apelo à acção. Incentiva os indivíduos e as comunidades a assumirem a responsabilidade pela sua saúde auditiva, adoptando medidas preventivas e defendendo um melhor acesso aos cuidados. A integração do diagnóstico e do tratamento nos serviços de cuidados de saúde primários e a formação dos profissionais de saúde da linha da frente serão fundamentais para alcançar estes objectivos.

O Escritório Regional da OMS para a África está totalmente empenhado em abordar e prevenir a perda de audição. Recentemente, realizámos uma análise regional dos cuidados auditivos, que ajudará a moldar os esforços de sensibilização em toda a Região. Além disso, desenvolvemos dois módulos-chave no âmbito do O pacote de intervenções essenciais da OMS para a Prevenção e Controlo das Doenças Não Transmissíveis (PEN) para os Cuidados de Saúde Primários, concebidos para equipar os prestadores de cuidados de saúde primários com as competências necessárias para diagnosticar e tratar a otite média crónica e a perda de audição. 

Temos de agir agora. Os decisores políticos devem dar prioridade a uma resposta multissectorial, desenvolvendo e reforçando os programas nacionais de prevenção e tratamento da perda auditiva. As comunidades, os profissionais de saúde e os decisores têm todos um papel a desempenhar para garantir que os cuidados auditivos se tornem uma realidade para todos os africanos.

Vamos trabalhar em conjunto para tornar os cuidados auditivos acessíveis, económicos e inclusivos.

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