Mensagem da Dr.a Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África
A 17 de Setembro, celebramos o Dia Mundial da Segurança do Doente porque, para prestarmos cuidados de saúde de qualidade, o primeiro passo é não causar danos. No entanto, todos os anos, nos hospitais de países de baixo e médio rendimentos em todo o mundo, ocorrem 134 milhões de eventos adversos devido a cuidados pouco seguros, contribuindo para 2,6 milhões de vidas perdidas.
A pandemia de COVID-19 reafirmou que, para manter os doentes seguros, os profissionais de saúde devem ser protegidos. Por isso, o tema retido para a edição deste ano é “Segurança dos profissionais de saúde: Uma prioridade para a segurança dos doentes”.
Os profissionais de saúde na linha da frente correm maior risco de infecção devido aos cuidados que prestam aos doentes. Na Região Africana da OMS, mais de 41 000 profissionais de saúde foram infectados pela COVID-19, representando 3,8% de todos os casos notificados. Alguns países, como a Côte D’Ivoire e a Serra Leoa, fizeram progressos na redução da percentagem de infecções nos profissionais de saúde. Outros, como a Eritreia, o Ruanda e as Seicheles, não registaram um único caso de COVID-19 entre os profissionais de saúde.
Para proteger os profissionais de saúde da COVID-19 e contribuir para uma maior segurança dos doentes, em colaboração com os parceiros e as autoridades nacionais e provinciais, a OMS formou mais de 50 000 profissionais de saúde na Região Africana em prevenção e controlo de infecções, e prevê formar mais 200 000. Cerca de 31 milhões de artigos de equipamento de protecção individual foram enviados para os Estados-Membros e estão a ser elaborados documentos de orientação sobre as melhores práticas de cuidados para apoiar a criação de ambientes propícios à segurança dos profissionais de saúde e dos doentes.
Muitas vezes, as soluções para melhorar a segurança do doente são simples e apresentam uma boa relação custo-eficácia. Por exemplo, após a criação de uma Unidade de Gestão da Qualidade na Serra Leoa, a taxa de mortalidade infantil em 13 hospitais com fardo elevado de morbilidade baixou de 15,6%, em 2017, para 9,6%, em 2019.
A segurança dos doentes é uma componente essencial no reforço dos sistemas de saúde para se alcançar a cobertura universal de saúde, e isto requer colaboração e comunicação aberta entre as equipas multidisciplinares de cuidados de saúde, os doentes e as organizações de doentes, bem como entre as associações profissionais e outras partes interessadas.
Devem ser tomadas medidas para compreender a magnitude dos danos causados aos doentes, incluindo através de um sistema transparente de notificação de incidentes que permita aprender com os erros cometidos e o tratamento de eventos adversos sem a procura de culpados. Os doentes e as suas famílias devem poder tomar medidas preventivas e sistemáticas de forma a contribuírem para a melhoria da segurança dos cuidados e para reduzir os riscos para todos, em particular os grupos de risco que incluem pessoas com deficiência e pessoas idosas.
Para poder tornar os cuidados de saúde mais seguros é necessário adoptar políticas centradas no doente, reestruturar os processos existentes, reforçar as práticas de higiene e transformar as culturas organizacionais.
É por isso que hoje apelo a todos para que trabalhemos em conjunto de forma a proteger os profissionais de saúde para que possam proteger os doentes em ambientes favoráveis e propícios à prestação de cuidados de saúde de qualidade.
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