Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África
O Dia Mundial de Luta contra o Paludismo é celebrado anualmente no dia 25 de Abril com vista a chamar a atenção da comunidade internacional para esta doença e os seus efeitos devastadores nas famílias, nas comunidades e no desenvolvimento da sociedade, especialmente na África Subsariana.
O tema escolhido para este ano, “Tirar partido da inovação para reduzir o fardo do paludismo e salvar vidas”, está em sintonia com o meu apelo a que se intensifique urgentemente a inovação e a disponibilização de novas ferramentas na luta contra o paludismo, ao mesmo tempo que se defende um acesso equitativo à prevenção e ao tratamento do paludismo, no contexto do reforço da resiliência do sistema de saúde.
O ano transacto foi palco de avanços significativos na prevenção e controlo do paludismo, apesar da pandemia de COVID-19. No final do ano passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou recomendações importantes sobre o uso da primeira vacina contra o paludismo (RTS,S). Esta vacina será utilizada na prevenção do paludismo em crianças entre os seis meses e os cinco anos de idade que vivem em regiões de transmissão moderada a elevada.
Embora este seja um avanço inovador no desenvolvimento de novas ferramentas para combater esta doença, que poderá salvar milhões de vidas, os fornecimentos são actualmente limitados. Como tal, é importante garantir que as doses que estão disponíveis são utilizadas para proporcionar o máximo impacto, garantindo ao mesmo tempo a disponibilidade continuada de outras medidas preventivas para as populações em maior risco.
O paludismo continua a representar um grande problema de saúde pública e de desenvolvimento. No último ano, cerca de 95% dos 228 milhões de casos estimados ocorreram na Região Africana da OMS , juntamente com 602 020 mortes notificadas. Seis dos nossos países mais afectados pelo paludismo na Região representam cerca de 55% dos casos a nível mundial e 50% dos óbitos imputáveis a esta doença.
Apesar de verificarmos algum abrandamento nos progressos realizados para reduzir os casos de paludismo e de mortes causadas por esta doença, e de a COVID-19 ter perturbado os serviços de saúde, convém realçar que continuamos a estar muito mais avançados do que em 2000. Precisamos de dar um novo impulso à luta contra o paludismo e aproveitar os avanços recentes.
A título de exemplo, foram implementadas campanhas de quimioprevenção sazonal do paludismo conforme planeado em 2021, garantindo a protecção de mais 11,8 milhões de crianças. Foram também realizadas pulverizações residuais intradomiciliares e distribuídas redes inseticidas de longa duração, conforme planeado.
Outras realizações notáveis incluem a implementação em maior escala de projectos-piloto de vacinação com a RTS,S no Gana, no Quénia e no Maláui, que permitiram vacinar cerca de 900 000 crianças.
O objectivo final é reduzir o número de pessoas que contraem o paludismo e morrem devido à doença. Isto requer mais ênfase na investigação e no uso de dados factuais disponíveis para assegurar que as nossas intervenções direccionadas constituem uma forma eficiente de utilizar os recursos e produzem resultados mensuráveis.
Também precisamos de combater a resistência a fármacos e insecticidas, e de nos focarmos nas novas estirpes de paludismo, mais difíceis de detectar e tratar, que estão a surgir na Região.
No entanto, a luta contra o paludismo não se resume a intervenções médicas e tecnológicas. O paludismo afecta as famílias e as comunidades nas quais estão inseridas. Estas comunidades devem ser habilitadas a desempenhar um papel activo na luta contra esta doença. O Escritório Regional da OMS para a África reconhece que uma abordagem que envolva toda a sociedade exige que escutemos e aprendamos com as populações mais afectadas.
O Dia Mundial de Luta contra o Paludismo constitui uma ocasião para os Estados-Membros renovarem o seu compromisso político e incentivarem o investimento contínuo na prevenção e no controlo do paludismo. Apelo aos países e às comunidades afectadas pelo paludismo para que trabalhem em estreita colaboração com os parceiros de desenvolvimento de modo a colocar os nossos países no caminho da eliminação da doença, contribuindo simultaneamente para a consecução de outros objectivos de desenvolvimento sustentável.
Tanto eu como o Escritório Regional continuamos empenhados na luta contra o paludismo. Acredito que podemos superar o desafio se colaborarmos estreitamente com os governos, os parceiros e as comunidades.
Juntos, podemos acelerar os nossos esforços para alcançarmos uma África livre do paludismo.
Para saber mais:
Dia Mundial de Luta contra o Paludismo 2022
Ficha informativa sobre o paludismo
WHO recommends groundbreaking malaria vaccine for children at risk
Cabo Verde attains zero local malaria transmission, 2021
Getting malaria prevention back on track