Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África
O Dia Mundial de luta contra a Poliomielite é comemorado anualmente a 24 de Outubro. Este dia é uma oportunidade para destacar os esforços mundiais envidados para cumprir a promessa de ter um mundo livre da poliomielite, e honrar o compromisso inabalável daqueles que estão na linha da frente a lutar para a erradicação da doença.
O tema retido para este ano, “Dia mundial de luta contra a poliomielite em 2022 e além: um futuro mais saudável para mães e filhos", começou a tomar forma durante discussões em Genebra entre a OMS, o Rotary International e especialistas em poliomielite, para ponderar os esforços futuros, de forma a continuar a colaboração decenal dedicada à luta contra a poliomielite.
Desde que a histórica resolução para a erradicação mundial da poliomielite foi adoptada em 1988 durante a 41.ª Assembleia Mundial da Saúde, os esforços mundiais conseguiram uma diminuição de mais de 99,9% nos casos de poliomielite. Cerca de 20 milhões de crianças foram poupadas de deficiências e, hoje, caminham. Duas das três estirpes do poliovírus selvagem (tipo 2 e tipo 3) foram certificadas como erradicadas e, em 2020, a Região Africana foi certificada como livre do poliovírus selvagem indígena.
Trata-se de um marco admirável que tem protegido milhões de crianças e as suas famílias deste vírus incapacitante. No entanto, a detecção de novos surtos, até mesmo em áreas onde se acreditava que a poliomielite tinha sido erradicada, é uma chamada de atenção gritante de que, se não cumprirmos a nossa promessa de erradicar todas as formas de poliomielite, em todos os lugares, nenhuma criança estará segura em qualquer lugar.
A Estratégia 2022-2026 da Iniciativa Mundial de Erradicação da Poliomielite (GPEI) para erradicar a patologia define o caminho a seguir para percorrer o último troço. O importante compromisso mundial de financiar a estratégia tomado durante o evento de angariação de fundos para a poliomielite organizado a margem da Cimeira Mundial da Saúde de 2022, que teve lugar no início deste mês, foi extremamente encorajador.
Com efeito, numa demonstração de solidariedade mundial, o país anfitrião, a Alemanha, juntamente com 15 outros países, bem como instituições de caridade, organizações internacionais e inúmeras iniciativas do sector privado, comprometeram-se a doar mais de 2,6 mil milhões de dólares à estratégia, o que constitui mais de metade das expectativas.
Com este compromisso financeiro renovado, temos agora uma oportunidade decisiva para intensificar os esforços de erradicação. Para a Região Africana, este compromisiso implica uma vigilância reforçada e campanhas de vacinação de alta qualidade destinadas a crianças “zero doses” para a vacinação contra todas as estirpes da poliomielite.
No final do primeiro trimestre de 2022, a OMS anunciou o desfecho bem-sucedido de 32 surtos em 10 países. Porém, existem surtos em curso que exigem que mantenhamos a vigilância e concluamos a tarefa. Isto é fundamental para que a África elimine os novos casos de poliovírus selvagem e preserve o seu estatuto de continente livre do poliovírus selvagem.
De acordo com as estatísticas mais actualizadas do continente, foram registados, este ano, mais de 250 casos de paralisia que se devem à poliomielite. São 250 paralisias a mais.
Nos esforços envidados para travar os surtos da variante circulante da poliomielite, foram administradas 500 milhões de doses de vacinas em todo o mundo, 95% das quais em África e, após duas rondas de vacinação, não foi observada qualquer transmissão adicional. A resposta à poliomielite também incitou tecnologias digitais inovadoras a identificar, acompanhar e melhor administrar vacinas, especialmente às crianças que se encontram em áreas de difícil acesso.
Os nossos esforços para erradicar a poliomielite a nível mundial também estão a ajudar a reforçar o sistema de saúde pública em geral, e a melhor a resposta mundial a outras ameaças e emergências de saúde. Por exemplo, a estrutura criada para a poliomielite tem sido fundamental no apoio à vigilância e à disponibilização das vacinas contra a COVID-19 a nível mundial, aumentando também a eficiência das intervenções em situações de emergência da Região face a outras doenças, nomeadamente o sarampo e a cólera.
No futuro, é fundamental que continuemos a fazer avançar os nossos planos de transição relativos à poliomielite, paralelamente aos esforços de erradicação, a fim de aproveitar da melhor forma os nossos limitados recursos na área da saúde pública.
Neste Dia Mundial da Poliomielite, aproveito a oportunidade para agradecer sinceramente a todos os profissionais de saúde dedicados que estão a cumprir a promessa de um mundo livre da poliomielite, a ir de porta em porta para a administração de vacinas em circunstâncias muitas vezes difíceis, para salvaguardar todas as crianças elegíveis.
Continuemos a apoiar-nos uns aos outros à medida que intensificamos os esforços em África, e no resto do mundo, para pôr fim a poliomielite de uma vez por todas.
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