Mensagem da Dr. ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África
Todos os anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) celebra a Semana Africana da Vacinação na última semana do mês de Abril, em conjunto com a Semana Mundial da Vacinação. Esta semana constitui uma oportunidade para mostrar a importância das vacinas nas nossas vidas e o modo como elas nos protegem, independentemente da nossa idade, contra mais de 25 doenças evitáveis pela vacinação.
O tema deste ano, “Longa vida para todos”, realça o potencial das vacinas para salvar vidas em todo mundo. No entanto, em África, dezenas de milhões de pessoas ainda não receberam parte ou todas as doses previstas contra doenças que há muito foram erradicadas graças às vacinas.
Mais de um ano após o início da disponibilização das vacinas contra a COVID-19 a nível mundial, a África está a beneficiar – se é que mais tarde do que o resto do mundo – do desenvolvimento rápido e eficiente de vacinas para travar o vírus. Actualmente, existem 10 vacinas contra a COVID-19 disponíveis através do mecanismo COVAX, e outras estão em fase de investigação e desenvolvimento.
Embora tenham sido administradas até à data cerca de 480 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19 em África, representando a maior disponibilização de vacinas na história do continente, apenas 18.7% da população africana está totalmente vacinada, um valor que fica muito aquém da média mundial de 58%.
A OMS, juntamente com a GAVI, a Aliança para as Vacinas, a UNICEF, o Banco Mundial, o Centros dos Estados Unidos para Controle e Prevenção de Doenças e o Centros de África de Controlo e Prevenção de Doenças, identificaram 20 países prioritários na Região Africana da OMS que irão receber mais apoio. As equipas de apoio a vários países parceiros estão neste momento no terreno a ajudar os países com recursos técnicos e financeiros de modo a aumentar a cobertura vacinal da COVID-19 nos grupos de elevada prioridade, bem como na população em geral.
À medida que trabalhamos para acelerar os esforços de vacinação contra a COVID-19, é fundamental que não ignoremos a necessidade urgente de também reforçar as iniciativas de vacinação de rotina. Desde 2020, a vacinação de rotina tem sido negativamente afectada pelas medidas de contenção implementadas no âmbito da COVID-19, o que levou a que dezenas de milhões de crianças em África não recebessem vacinas essenciais, como a vacina contra a difteria, o toxóide tetânico e a tosse convulsa, e a vacina contra o sarampo.
No início deste ano, foi registado um caso de poliovírus selvagem de tipo 1 no Maláui. Esta doença evitável pela vacinação tinha sido eliminada da Região Africana desde Agosto de 2020. Saúdo vivamente o Governo do Maláui por ter conseguido conter rapidamente o surto ao vacinar rapidamente 2,7 milhões de crianças com menos de cinco anos contra a doença. Contudo, este incidente deve ser visto como uma chamada de atenção oportuna de que a vacinação de rotina deveria ser uma medida incontornável no nosso continente.
Vimos também alguns bons exemplos de melhores práticas, incluindo a integração da vacinação de rotina nas operações de vacinação contra a COVID-19. Por exemplo, em resposta ao surto de febre-amarela registado no final de 2021, o Gana enviou equipas móveis de vacinação que transportavam vacinas contra a febre amarela juntamente com vacinas contra a COVID-19, vacinando todas as pessoas elegíveis contra ambas as doenças. A Nigéria, por sua vez, lançou recentemente a estratégia optimizada SCALES 2.0, que visa integrar a vacinação sistemática de crianças na vacinação contra a COVID-19 nos seus locais de vacinação fixos e móveis.
O Escritório Regional da OMS para a África exorta todos os países a intensificarem simultaneamente os esforços de vacinação de rotina e de vacinação contra a COVID-19, afectando os recursos necessários. Apesar da transferência de recursos para o combate à pandemia de COVID-19 nos últimos dois anos, a manutenção dos serviços de vacinação de rotina oferece uma boa relação custo-benefício e conduzirá a um aumento da esperança de vida de todos.
Nesta Semana Africana da Vacinação, exorto todos os africanos a tomarem a vacina contra a COVID-19 assim que surgir a oportunidade. Apelo também a todos os pais para garantirem que as vacinas de rotina dos seus filhos estão em dia. Isto é o melhor que podemos fazer por nós, pelas nossas famílias e pelas nossas comunidades.
Para saber mais:
Africa Vaccination Week: Frequently Asked Questions
Malawi declares polio outbreak