O avanço da vacinação ajuda a salvar milhões de vidas na Região Africana

O avanço da vacinação ajuda a salvar milhões de vidas na Região Africana

Brazzaville / Genebra, 24 de Abril – O aumento da cobertura vacinal em África está a ajudar a proteger milhões de pessoas de doenças potencialmente fatais, como o sarampo, a poliomielite e o cancro do colo do útero.

Em 2023, a vacinação salvou pelo menos 1,8 milhões de vidas na Região Africana, quase metade do número total de vidas salvas em todo o mundo (4,2 milhões). Estes avanços foram possíveis graças aos esforços governamentais e ao apoio de vários parceiros, nomeadamente o GAVI, a Aliança para as Vacinas, a UNICEF, a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre outros.

Desde 2024, através da iniciativa “Big Catch-Up” (“Grande Repescagem”) – lançada em 2023 em 20 países prioritários – foram vacinadas na Região Africana mais de cinco milhões de crianças que até então não tinham recebido nenhuma vacina de rotina. Assim, as comunidades ficaram protegidas contra surtos de doenças evitáveis pela vacinação, salvando-se a vida das crianças e reforçando-se os sistemas nacionais de saúde.

Na Região Africana, apesar de os nascimentos terem aumentado entre 2022 e 2023, registou-se também um aumento de 2% (de 72% para 74%) na cobertura vacinal contra a difteria-tétano-tosse convulsa (DTP3) entre as crianças de 1 ano, um sinal importante de que, ultrapassada a pandemia de COVID-19, os serviços de vacinação de rotina estão a recuperar. Esta evolução significa que, num contexto de aumento dos nascimentos, os governos estão a vacinar mais crianças a cada ano que passa. Verificaram-se melhorias significativas nos Camarões, no Chade, na Côte d’Ivoire, na Etiópia, em Madagáscar, no Maláui, em Moçambique e no Uganda.

Além disso, há hoje mais raparigas do que nunca a estarem protegidas contra o cancro do colo do útero, uma doença que, no mundo, mata uma mulher a cada dois minutos. A cobertura vacinal (uma dose) contra o vírus do papiloma humano (HPV, na sigla inglesa) aumentou de 28% em 2022 para 40% em 2023, o que faz do continente africano a segunda região do mundo com maior cobertura, capacitando milhões de raparigas para cumprirem o seu potencial.

Também se verificaram, na Região Africana, enormes progressos no combate à poliomielite, tendo-se registado, entre 2023 e 2024, uma diminuição de 93% no número de casos de poliovírus circulante de tipo 1 e, só no ano passado, uma diminuição de 65% no número casos de poliomielite de tipo 1.

Este ano, a Semana Mundial da Vacinação e a Semana Africana da Vacinação, subordinada ao tema “A vacinação para todos é humanamente possível”, visam promover o poder das vacinas para salvar vidas, de modo a proteger pessoas de todas as idades contra as doenças evitáveis pela vacinação.  

“Graças à dedicação de governos e parceiros, progredimos muito no que toca a aumentar a vacinação e a salvar vidas. Mas há ainda um caminho a percorrer. Temos de manter e alargar estes esforços que salvam vidas para construir um futuro mais forte e saudável para todos”, afirmou o Dr. Chikwe Ihekweazu, Director Regional interino da OMS para a África.  

Apesar dos avanços, a Região continua a enfrentar dificuldades para chegar às crianças. Uma em cada quatro crianças continua a não ter as vacinas suficientes (faltando-lhe vacinas de rotina essenciais) e uma em cada cinco crianças continua a não ter nenhuma vacinação, havendo muitos países que enfrentam surtos recorrentes, sobretudo de sarampo – uma doença altamente contagiosa e potencialmente fatal. Estas lacunas, que vulnerabilizam a Região, são atribuíveis a obstáculos persistentes, incluindo o escasso acesso a cuidados de saúde em zonas isoladas, muitas vezes devido a conflitos e instabilidade, limitações de logística e de cadeias de refrigeração, relutância face à vacinação provocada por desinformação, e financiamento insuficiente dos programas de vacinação. A estes obstáculos acrescem ainda as perturbações causadas pelas emergências de saúde pública.  

“Os progressos alcançados nos países africanos – impulsionados pelo co-financiamento, por parte dos governos africanos, dos programas de vacinação em 2024, em níveis nunca antes verificados – demonstram o impacto tangível de um empenho duradouro”, declarou Thabani Maphosa, principal responsável pela estratégia do programa GAVI, a Aliança para as Vacinas. “No entanto, esta dinâmica não pode parar. Os conflitos, o crescimento populacional, as deslocações e os desastres naturais têm vindo a criar as condições ideais para a eclosão e a propagação de surtos de doença. Para proteger o nosso futuro colectivo, é essencial investir na vacinação e assegurar financiamento suficiente que permita à GAVI desempenhar a sua missão nos próximos cinco anos.”

Tirando partido das conquistas em África, a GAVI lançou uma ambiciosa estratégia quinquenal, a “GAVI 6.0”, alicerçada em três pilares principais: proteger o mundo contra as pandemias e os surtos de doença; proteger as pessoas através da vacinação de mais crianças contra mais doenças do que nunca – nomeadamente administrando a vacina antipalúdica em 50 milhões de crianças até 2030; e proteger as comunidades diminuindo o número de crianças que não tomaram nenhuma vacina.  A renovação do programa GAVI permitirá que a Aliança para as Vacinas – uma coligação de parceiros que inclui 39 governos africanos – implemente esta estratégia 6.0, cujo impacto será enorme, e permitirá que os países mantenham e aumentem os progressos que foram conseguidos até agora. O pleno empenho da Aliança, ao longo dos próximos meses, na angariação do financiamento necessário vai ser essencial.  O ano de 2025 assinala também o ponto intermédio da Agenda 2030 para a Vacinação, a qual visa prevenir doenças, promover a equidade e criar programas de vacinação sólidos.

Para alcançar estes objectivos, os governos africanos e os parceiros devem acelerar os progressos no sentido de não haver crianças sem nenhuma vacina, de aumentar a cobertura da vacinação de rotina, de acelerar a adopção da vacina antipalúdica e de alargar o acesso às vacinas contra o vírus do papiloma humano (VPH). Para manter as conquistas que foram alcançadas na vacinação ao longo dos anos, é também necessário que as regiões se empenhem na implementação de estratégias fundamentais.  

Entre estas estratégias, contam-se o aumento do investimento nos sistemas de saúde e nas infraestruturas, para uma distribuição eficaz de vacinas; a melhoria dos sistemas de vigilância, para responder rapidamente a surtos; a superação da relutância e da desinformação relativas à vacinação; o reforço do financiamento interno dos programas de vacinação; o aumento do recurso à inovação e à tecnologia, para uma melhor distribuição de vacinas; e o investimento em investigação e desenvolvimento para a criação de vacinas.  

Em 2024, a GAVI e os parceiros lançaram o Acelerador do Fabrico de Vacinas em África (AVMA), um mecanismo de financiamento criado para angariar 1,2 mil milhões de dólares, a disponibilizar ao longo de dez anos, com vista a acelerar o aumento da produção de vacinas comercialmente viáveis em África. No início deste ano, no âmbito desta iniciativa, foram contratualizadas duas novas colaborações, o que constitui um passo positivo no sentido da segurança sanitária da Região.

Click image to enlarge
For Additional Information or to Request Interviews, Please contact:
Collins Boakye-Agyemang

Communications and marketing officer
Tel: + 242 06 520 65 65 (WhatsApp)
Email: boakyeagyemangc [at] who.int (boakyeagyemangc[at]who[dot]int)