Dia Mundial do Cancro 2025

Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África

Hoje, dia 4 de fevereiro, a OMS junta-se à comunidade internacional na comemoração do Dia Mundial do Cancro sob o tema “Unidos Por Cada Um”, um recordatório de que cada jornada de cancro é importante e que a acção coletiva é fundamental para garantir cuidados compassivos e equitativos para todos.

Na Região Africana, só em 2022, mais de 900 000 novos casos de cancro e mais de 580 000 mortes foram registados. Estes números trazem a luz a realidade da doença que continua a representar um desafio de saúde significativo e urgente em todo o continente.

O cancro do colo do útero continua a ser a principal causa de mortes relacionadas com o cancro entre as mulheres na Região, representando mais de 22 % de todas as mortes por cancro, enquanto o cancro da mama é o mais frequentemente diagnosticado. Nos homens, o cancro da próstata é o mais comum e a sua prevalência continua a aumentar.

Se não forem tomadas medidas urgentes, as mortes por cancro em África poderão aumentar mais de 70% até 2040.

Por detrás de cada estatística há uma história pessoal. Perdi uma tia querida que não sobreviveu a um cancro do colo do útero - uma perda que aprofundou o meu empenho em garantir que a prevenção e os cuidados chegam a todos os que deles precisam.

Partilhei esta história durante a septuagésima sessão do Comité Regional da OMS para a África (RC74) no ano passado, quando organizámos um evento paralelo inspirador em que sobreviventes do cancro do colo do útero apelaram à generalização da vacinação, do rastreio e do tratamento do vírus do papiloma humano.

Também no ano passado, durante a primeira Conferência Internacional sobre a PEN-Plus em África (CIPPA), na República Unida da Tanzânia, fomos inspirados por um sobrevivente de cancro infantil que partilhou a forma como a sua experiência impulsiona a sua missão de melhorar o acesso aos cuidados. Do mesmo modo, durante o Mês de Sensibilização para o Cancro da Mama, jovens sobreviventes do cancro da mama e as suas famílias partilharam relatos comoventes das suas lutas e triunfos.

Estas vozes recordam-nos que os cuidados oncológicos não têm apenas a ver com números - têm a ver com pessoas, famílias e comunidades.

Os cancros da próstata, colorrectal e do fígado - este último frequentemente ligado à hepatite viral - requerem também uma atenção urgente. O cancro do fígado é um dos mais letais na Região, devido ao diagnóstico tardio e ao acesso limitado ao tratamento. No entanto, existe um potencial significativo para aproveitar as iniciativas existentes, como os programas de vacinação contra a hepatite B.

Do mesmo modo, os números relativos ao cancro colorrectal estão a aumentar, especialmente nas populações mais jovens, sendo necessárias intervenções específicas para combater o cancro da próstata. Estas devem centrar-se na sensibilização, na detecção precoce e na prestação de serviços adaptados às populações em risco, a fim de garantir um acesso equitativo aos cuidados.

Estas intervenções exigem a colaboração com parceiros e iniciativas mundiais transformadoras, como a Iniciativa Mundial contra o Cancro Infantil (GICC), a Iniciativa Mundial contra o Cancro da Mama (GBCI) e a Iniciativa para a Eliminação do Cancro do Colo do Útero.

Apelamos aos Estados-Membros, à sociedade civil e aos parceiros para que actuem agora. É vital expandir os testes de ADN do vírus do papiloma humano para o cancro do colo do útero, aumentar a detecção precoce dos cancros da mama e da próstata e melhorar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento dos cancros do fígado e colorrectal.

Temos também de reforçar os sistemas de saúde para garantir cuidados oncológicos acessíveis e de elevada qualidade e investir em campanhas educativas para reduzir o estigma, incentivar a vacinação contra o vírus do papiloma humano e promover o diagnóstico precoce.

Os sobreviventes de cancro e as suas famílias desempenham um papel fundamental na defesa de causas e no desenvolvimento de políticas. As suas experiências vividas oferecem conhecimentos valiosos que podem moldar sistemas de saúde centrados nos doentes.

Aos líderes de toda a região, encorajo-os a adotar as ferramentas da OMS baseadas em dados factuais, incluindo as “Melhores Opções” (Best Buys, em inglês) actualizadas para as doenças não transmissíveis, a fim de implementar soluções sustentáveis e com uma boa relação custo-benefício. A integração da prevenção, do rastreio, do tratamento e dos cuidados paliativos do cancro em serviços de saúde mais amplos será crucial para colmatar as lacunas nos cuidados.

Todos nós temos um papel a desempenhar. Juntos podemos criar um futuro em que os cuidados oncológicos sejam acessíveis a todos e que ninguém seja deixado para trás.


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