O tema do Dia Internacional da Mulher deste ano, “Pensar equitativamente, crescer de forma inteligente, inovar para a mudança”, é uma chamada de atenção para todos nós de que o desenvolvimento económico e transformador só será conseguido se se abordar e resolver as diferenças baseadas no género relacionadas com as necessidades de saúde, comportamentos de risco, poder e controlo sobre os recursos e a informação, e acesso aos serviços de saúde. Pela sua parte, a Organização Mundial da Saúde deu prioridade e promoveu a liderança em termos de género, equidade e direitos em todas as suas políticas e programas de saúde, com vista a alcançar a cobertura universal de saúde e atingir o objectivo dos “três mil milhões” estabelecido no nosso Programa de Trabalho.
Muitos países da nossa Região fizeram imensos progressos no sentido da paridade nos sistemas de educativos, sanitários, económicos e políticos, e implementaram acções multissectoriais para melhorar a saúde das mulheres ao longo da vida nas suas estratégias nacionais de desenvolvimento sanitário. Estes progressos estão reflectidos no Relatório sobre as Disparidades entre os Géneros 2018 que mostra que, ao longo da última década, a nossa Região melhorou mais do que qualquer outra na redução do fosso entre os géneros em termos de saúde e sobrevivência. De facto, dois países da Região - Botsuana e Lesoto - acabaram totalmente com o fosso entre os géneros no que toca à escolaridade e à saúde e sobrevivência.
As mulheres africanas ocupam, cada vez mais, posições de poder e influenciam legislações e políticas mais arrojadas, mostrando a outras mulheres que elas também têm voz e que podem tomar decisões sobre assuntos que têm impacto nas suas vidas. O Ruanda tem a maior percentagem de parlamentares mulheres no mundo (61%), e conjuntamente com a Etiópia, tem quase a paridade em cargos ministeriais; na Namíbia, a percentagem de mulheres no parlamento é de cerca de 46%. No entanto, estes desenvolvimentos positivos ocultam o facto de a disparidade entre os géneros nesta Região ter voltado a aumentar devido às variações significativas entre os países em termos de escolaridade, capacitação política, igualdade salarial e do número de mulheres envolvidas em trabalhos profissionais e técnicos.
Ao celebrarmos o Dia Internacional da Mulher, exorto a comunidade internacional, os nossos Estados-Membros e todas as partes interessadas a “pensar equitativamente, crescer de forma inteligente, inovar para a mudança”. Os profundos problemas de género, equidade e direitos são responsáveis pelo número persistentemente elevado de mortes relacionadas com o VIH, sobretudo entre as mulheres jovens, assim como pelas taxas inaceitavelmente altas de mortalidade materna e de outras práticas nefastas, como a mutilação genital feminina. Também devemos fazer face aos problemas de estilos de vida e aos factores de risco que contribuem para a crescente prevalência de doenças não transmissíveis nas mulheres em África; assegurar que as raparigas continuam a frequentar a escola até à conclusão do ensino secundário; e acabar com todas as formas de violência contra as mulheres e as raparigas.
Ao celebrarmos o Dia Internacional da Mulher deste ano, reafirmo o compromisso da OMS para com a igualdade dos géneros e a emancipação das mulheres. Vamos todos “pensar equitativamente, crescer de forma inteligente, inovar para a mudança” para melhorar os resultados de saúde das mulheres e raparigas, por forma a que possam concretizar o seu potencial e contribuir para o desenvolvimento socioeconómico e político transformador na Região Africana.