Progress report African region 21 - 2.10. Vaccination - PT
Prestes a lançar uma campanha de vacinação em massa, com o apoio e orientação da OMS, pelo menos 40 países africanos iniciaram o planeamento da vacinação antes de serem disponibilizadas vacinas suficientes contra a COVID-19. Apesar do pleito da OMS e dos seus parceiros de saúde pública, as campanhas regionais de vacinação nos primeiros seis meses do ano ficaram aquém das expectativas. Ainda assim, alguns países recorreram à Ferramenta da OMS de Avaliação da Preparação do País para vacinar populações prioritárias, como idosos, profissionais de saúde e pessoas que sofrem de outras afecções. Apesar da crise no abastecimento de vacinas, sete países, incluindo a Guiné Equatorial, a Maurícia, Marrocos e Seicheles tinham atingido até ao final de Julho taxas de vacinação significativamente acima da média continental. Além disso, cerca de 30 países utilizaram mais de três quartos das vacinas recebidas.
Para atingir pelo menos 30% da população até ao final do ano, o Escritório Regional da OMS para a África e os seus parceiros estimam que seriam necessárias 780 milhões de vacinas para África. Encorajadoramente, enquanto foram fornecidas apenas 245 000 doses a seis países em Junho, até Julho os compromissos para melhorar o acesso e distribuição das vacinas começaram a materializar-se. No final do período em apreço no presente relatório, foram disponibilizadas 3,8 milhões de doses de vacinas a 13 países através do Mecanismo COVAX, elevando para 82 milhões o total de doses enviadas para o continente africano. Estas vacinas fazem parte de 60 milhões de doses que o COVAX atribuiu a 49 países africanos, previstas para serem disponibilizadas entre Julho e Setembro. No entanto, os custos associados – distribuição, pessoal, logística e equipamento – rondam os 5 dólares por cada dólar gasto com uma vacina – um problema ainda por resolver face ao esforço da vacinação em massa na Região.
Para aumentar a capacidade de África em superar a carência de vacinas de forma mais eficiente, a OMS e os seus parceiros têm defendido a produção nacional das vacinas contra a COVID-19 e a isenção de patentes para as mesmas. Em resultado desta argumentação, e na sequência de um empréstimo dos Estados Unidos, a África do Sul – o país com maior número de casos no continente – iniciou, em Junho de 2021, a produção de vacinas contra a COVID-19. Esta iniciativa visa a produção de 400 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19 para o mercado africano, que deverão ser distribuídas até 2022. O COVAX também fechou acordos com a Sinopharm e a Sinovac para fornecer 32,5 milhões de doses de vacinas a África. Atribuídas durante a última semana de Julho, estas doses estão previstas para serem disponibilizadas assim que os países estiverem prontos para as receber.
O Gana, o primeiro país africano a receber vacinas através do COVAX, alcançou, em apenas 20 dias, mais de 470 000 pessoas em áreas de maior prevalência de casos de COVID-19. Isto incluiu cerca de 60% da sua primeira população-alvo, e cerca de 90% de todos os profissionais de saúde. A estratégia do Gana foi a “pré-listagem” antecipada das populações através do mapeamento, rastreio e agendamento de consultas para vacinação. Esta estratégia foi determinante para que o país efectuasse a campanha de vacinação contra a COVID-19 mais rápida e bem direccionada do mundo. Os fortes preparativos logísticos e a coordenação foram fundamentais para chegar às pessoas em áreas remotas do país. Para vacinar os idosos que vivem em comunidades de difícil acesso, as equipas de vacinação móvel do Gana receberam um forte apoio dos mobilizadores comunitários.
Do mesmo modo, o sistema electrónico de pré-registo de Angola ajudou a garantir que fossem vacinadas as pessoas certas e que estavam cientes de onde e quando obter a vacina. As mensagens por SMS, as confirmações por correio electrónico e os códigos QR para verificação no local também provaram ser úteis na preparação para a disponibilização das segundas doses, bem como na recolha de dados para monitorizar a segurança das vacinas. Durante este período, Angola vacinou 70 000 pessoas de grupos prioritários em todo o país, metade das quais profissionais de saúde. O país investiu em unidades de logística e armazenamento em cadeia de frio para garantir que todas as vacinas contra a COVID-19, incluindo as que devem ser armazenadas a temperaturas ultra frias, continuarão a ser utilizáveis.
A Maurícia, o Ruanda e as Seicheles realizaram exercícios de simulação com antecedência e atingiram uma taxa elevada de vacinação até ao final de Julho. Com o apoio do Escritório Regional da OMS para a África, vários países realizaram exercícios de simulação até meados de Julho, a maioria possuindo regulamentação e procedimentos de segurança robustos. O apoio do Escritório Regional da OMS para a África permitiu aos países assegurar equipamento de protecção individual (EPI) para as equipas de vacinação, o que viabilizou a prevenção de infecções, um aspecto essencial numa campanha de vacinação, além da formação e supervisão das equipas para uma vacinação segura.
WHO / Blink Media – Nana Kofi Acquah
Vacinas falsificadas
O Escritório Regional da OMS para a África mobilizou especialistas e realizou acções de formação e seminários em pelo menos 40 países para fazer face aos sistemas regulatórios fracos e para travar a expansão de medicamentos e vacinas falsificadas e de qualidade inferior, juntamente com informações e marketing falso. Os países participaram em exercícios de gestão da infodemia e de auscultação social. Um guia de comunicação para explicar a eficácia e segurança da produção das vacinas chinesas Sinopharm e Sinovac foi amplamente divulgado com vista a dissipar a desinformação sobre a alegada má qualidade dessas vacinas em comparação com outras marcas no mercado.
Quais são os principais desafios para a campanha de vacinação contra a COVID-19 em África?
CAs vacinas contra a COVID-19 são apenas uma parte da resposta, mas os constrangimentos no abastecimento de vacinas representam uma séria ameaça à saúde e ao bem-estar das pessoas no continente africano.
Gostaria de reiterar o apelo da OMS aos países que já vacinaram as suas populações de alto risco para que partilhem as suas doses em excesso. Muitos países africanos estão em dificuldades e não podemos dar-nos ao luxo de esperar até ao final de 2022 para proteger apenas os nossos grupos de alto risco. Lembremo-nos de que o mundo está interligado e que se a África ficar para trás, haverá implicações para o resto do mundo.
A imprevisibilidade dos abastecimentos exige uma abordagem agilizada no lançamento da vacina. Da nossa parte, as nossas equipas estão em alerta máximo para ajudar os países em permanência. Mais atrasos nas vacinações só irão exacerbar o surgimento de novas variantes do vírus.
Dito isto, se não fosse o mecanismo COVAX, muitos países africanos nem sequer teriam o pequeno número de doses que receberam até agora.
Dra Messeret Shibeshi
Responsável de Vacinação
Dra Messeret Shibeshi
Como funciona o COVAX:
O mecanismo COVAX é uma parceria entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e dois grupos internacionais: a Aliança para a Vacinação (Gavi) e a Coligação para as Inovações de Preparação Epidémica (CEPI). Visa o envio de vacinas para os países em desenvolvimento, tendo a UNICEF como principal parceiro logístico. A maioria dos fundos do COVAX provém de países e organizações de alto rendimento, como a Fundação Bill e Melinda Gates. Na cimeira dos países industriais do G7, em Maio, os líderes anunciaram uma contribuição de 850 milhões de doses para o Mecanismo. Outra importante iniciativa colectiva de vacinação é o Fundo Africano de Aquisição de Vacinas (AVAT) da União Africana, que é dirigido pelo CDC de África. Além destes, a UNICEF assinou em Julho um acordo com a Janssen Pharmaceutica NV para fornecer até 220 milhões de doses da vacina de dose única J&J a todos os 55 Estados-Membros da União Africana (UA) até ao final de 2022. Cerca de 35 milhões de doses deverão ser entregues até ao final deste ano. Vários países africanos compraram vacinas ou negociaram doações bilaterais de vacinas a partir de países produtores.
OCHA Sudan