Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África
No dia 14 de Novembro, a comunidade internacional comemora o Dia Mundial da Diabetes para despertar consciências em relação ao crescente fardo desta doença e às estratégias para a prevenir e tratar.
O tema escolhido para este ano, e para os próximos anos até 2023, é “Acesso aos cuidados para a diabetes”, porque demasiadas pessoas ainda não têm acesso a meios de diagnóstico, medicamentos e dispositivos de monitorização que possam ajudar na gestão da diabetes.
Este ano marca também o centenário da descoberta da insulina em 1921, um feito científico que mudou a vida das pessoas que vivem com diabetes. Mas cem anos depois desta inovação extremamente importante, a morte prematura de pessoas com diabetes permanece elevada em muitos países africanos, devido ao diagnóstico tardio e à falta de acesso à insulina.
Na Região Africana, mais de 19 milhões de pessoas vivem com diabetes, e prevê-se que este número aumente para 47 milhões até 2025.
Infelizmente, cerca de dois terços das pessoas com diabetes nos países africanos desconhecem o seu estado de saúde. Os factores de risco conhecidos para o desenvolvimento de diabetes incluem a história familiar, a idade, o excesso de peso, o sedentarismo, a má alimentação ou o consumo de álcool ou de tabaco.
Se não for controlada ou adoptado um estilo de vida saudável, a diabetes pode conduzir a acidente vascular cerebral, ataque cardíaco, insuficiência renal, amputação dos membros inferiores, deficiência visual, cegueira e lesões nos nervos, incluindo disfunção eréctil. As pessoas com diabetes também apresentam um risco mais elevado de desenvolverem sintomas graves da COVID-19.
Mesmo quando os doentes são diagnosticados, as rupturas de stock de insulina nas unidades de saúde pública e os custos da insulina fazem com que as pessoas não obtenham o tratamento de que necessitam. Por exemplo, no Gana, o trabalhador médio precisa de poupar o equivalente a mais de cinco dias de salário para um abastecimento mensal de insulina. Na maioria dos países africanos, os custos associados à insulina e aos produtos de monitorização da diabetes e de outras doenças não transmissíveis são pagos pelo utente e pelas suas famílias.
Além disso, inquéritos realizados pela OMS sobre o acesso a serviços essenciais durante a pandemia de COVID-19 mostram que o acesso a cuidados para a diabetes tem sofrido perturbações graves na Região Africana.
Para melhorar o acesso equitativo a cuidados de qualidade para a diabetes, a OMS lançou o Pacto Mundial contra a Diabetes em Abril de 2021. Esta iniciativa baseia-se nas actividades levadas a cabo nos últimos anos para implementar o Pacote de Intervenções Essenciais da OMS para as Doenças Não Transmissíveis ao Nível dos Cuidados de Saúde Primários em Contextos de Poucos Recursos. Até à data, 21 países africanos começaram a implementar este pacote. Entre estes, o Benim, a Eritreia, o Essuatíni, o Lesoto e o Togo conseguiram expandir essas intervenções a nível nacional, colocando-as à disposição de todas as unidades de cuidados de saúde primários.
Por último, os serviços de prevenção e gestão da diabetes são componentes essenciais para a consecução da cobertura universal de saúde, para que todas as populações possam ter acesso aos cuidados de que necessitam.
É com isto em mente que peço hoje aos governos que invistam na disponibilização a todas as comunidades de produtos essenciais, como a insulina, glicómetros e tiras de teste disponíveis. Esta abordagem deverá ser apoiada pela formação de profissionais de saúde na prevenção e gestão das doenças não transmissíveis ao nível distrital e comunitário, para melhorar a disponibilidade dos serviços. Exorto ainda todas as pessoas diabéticas a apanharem a vacina contra a COVID-19 assim que possível de modo a protegerem-se contra formas graves da doença que podem levar à hospitalização ou mesmo à morte.
Saiba mais:
International Diabetes Federation (IDF) Diabetes Atlas Ninth edition 2019
The WHO Global Diabetes Compact
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