Este ano, no Dia Mundial da Saúde, enquanto os profissionais da saúde lideram a luta contra a pandemia da COVID-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) quer aproveitar o evento para comemorar o papel vital desempenhado pelos enfermeiros e pelas parteiras. Trata-se de uma celebração que durará o ano inteiro, uma vez que 2020 foi designado o Ano Internacional do Enfermeiro e da Parteira pela OMS.
Os enfermeiros desempenham uma função essencial nos cuidados de saúde primários, um dos pilares para alcançar a cobertura universal de saúde. Os enfermeiros constituem, pelo menos, metade do pessoal da saúde a nível mundial e, juntamente com as parteiras, estabelecem uma ligação fundamental entre os indivíduos, as famílias, as comunidades e o sistema de saúde. Fornecem apoio em todo o ciclo de cuidados, desde a promoção da saúde, à prevenção, tratamento, convalescença e cuidados terminais.
Na luta travada contra a COVID-19, os enfermeiros estão a desenvolver esforços aturados para prestar cuidados de qualidade, partilhar informação sobre saúde, implementar medidas de prevenção e controlo da infecção, operar em unidades de cuidados intensivos e garantir a prestação contínua dos serviços de rotina. As parteiras continuam a prestar assistência às grávidas para garantir que o parto é realizado de forma segura.
Devemos redobrar os esforços para valorizar o papel dos enfermeiros e das parteiras na autonomização dos pacientes e das comunidades, na facilitação do trabalho de equipa pluridisciplinar e na prestação de cuidados holísticos.
Os resultados do inquérito realizado em 39 países da Região Africana revelam um ligeiro aumento no número de enfermeiros e parteiras, passando de 1,02 por 1000 pessoas, em 2005, para 1,06 em 2018. Continua a ser fortemente inferior ao valor necessário para alcançar a cobertura universal de saúde e os objectivos de desenvolvimento sustentável. A nível mundial, o número de enfermeiros nos países de baixo e médio-baixo rendimento não está a acompanhar o ritmo de crescimento das populações.
Esta situação pode ser melhorada com a tomada colectiva das seguintes medidas-chave:
Ter uma melhor noção dos desafios, desenvolver políticas baseadas em dados factuais, realizar a recolha e análise de dados sobre o pessoal da saúde e estabelecer as necessidades clínicas que devem ser melhoradas.
Os programas de educação e formação devem ser de qualidade e relevantes para combater a carga de doenças que se propagam nos países. Até à data, cerca de 30 países na Região Africana dispõem de um organismo de acreditação que reconhece a competência das instituições de formação.
São necessários mais investimentos para garantir a retenção de pessoal qualificado e o desenvolvimento profissional, bem como para assegurar condições de trabalho decentes.
A mobilidade e migração dos enfermeiros devem ser objectos de uma gestão eficaz e ética. Actualmente, mais de 80% dos enfermeiros que exercem em todo o mundo vivem em países que representam metade da população mundial.
A regulamentação deve garantir que os enfermeiros e outros profissionais de saúde são responsáveis pela saúde das populações.
Por fim, a governação e o enquadramento da enfermagem são essenciais para o reforço do pessoal nessa área. Tal deve ser feito através, nomeadamente, de uma colaboração entre os enfermeiros-chefes e os ministérios relevantes (como os ministérios da educação, da imigração, das finanças e do trabalho), assim como com o sector privado, de forma a responder às necessidades dos enfermeiros e das parteiras.
No que diz respeito à implementação destas medidas, é com enorme prazer que anuncio o lançamento do primeiro relatório sobre a situação dos enfermeiros no mundo para 2020, realizado em parceria com o Director-Geral da OMS e os meus homólogos. Este relatório descreve o papel imprescindível desempenhado pelos enfermeiros para promover a saúde, manter a paz e servir os mais vulneráveis. Trata-se de um excelente instrumento para elaborar políticas e estratégias com base em dados factuais.
A importância desta iniciativa é realçada pela actual luta contra a COVID-19. Todos os dias, peço para que seja reconhecido o valioso serviço prestado pelos enfermeiros e pelas parteiras que melhoram a saúde e o bem-estar das populações e salvam vidas.
Saiba mais:
Relatório sobre a situação dos enfermeiros no mundo para 2020