Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África
Hoje, 30 de Janeiro, a OMS junta-se à comunidade mundial para comemorar o Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN). Além de ser um momento crucial para reflectir sobre os nossos progressos e celebrar as nossas conquistas, também é uma oportunidade para reafirmar o empenhamento em acabar com o fardo das DTN na Região Africana e o mundo.
O tema deste ano, Unir, Agir, Eliminar, recorda-nos o poder da colaboração, a importância da acção e a urgência do nosso objectivo derradeiro - um continente livre de doenças tropicais negligênciadas.
A unidade tem sido a pedra angular de todos os êxitos na luta contra as doenças tropicais negligênciadas. As parcerias entre as comunidades, os profissionais de saúde, os governos, os doadores e a indústria farmacêutica transformaram o que antes parecia impossível em realizações notáveis.
Doações sem precedentes de medicamentos por parte da indústria farmacêutica, aliadas à dedicação de profissionais de saúde e voluntários locais, chegaram até às comunidades mais remotas.
Mas a unidade vai para além das parcerias. Significa inclusão. As populações vulneráveis, frequentemente afectadas de forma desproporcionada pelas DTN, devem permanecer no âmago dos nossos esforços. Ao criar sistemas equitativos que não deixam ninguém para trás, garantimos progressos sustentáveis.
Após um hiato de cinco anos, a segunda reunião de investigadores africanos sobre DTN, realizada em Kigali este mês, sublinhou a importância de unir a ciência, a política e a prática. É através da investigação operacional e da inovação que desbloqueamos novas ferramentas, tratamentos e meios de diagnóstico para acelerar os esforços de eliminação.
Os progressos exigem acção - passar das palavras a resultados mensuráveis.
Na Região Africana da OMS, mais de 276 milhões de pessoas já não necessitam de tratamento para a filariose linfática desde 2014. Assistimos também a resultados transformadores de intervenções específicas contra a dracunculose, a doença do sono, a cegueira dos rios e o tracoma. Estas vitórias demonstram o que é possível fazer quando a acção se baseia em dados factuais e é impulsionada pelo empenho.
No entanto, a nossa viagem está longe de estar terminada. As alterações climáticas representam ameaças emergentes aos esforços de eliminação das DTN, afectando os padrões das doenças e aumentando as vulnerabilidades das nossas comunidades. A OMS está a trabalhar em estreita colaboração com os Estados-Membros para adaptar as estratégias de saúde pública, reforçar a vigilância e assegurar respostas atempadas a estes desafios em evolução.
As abordagens centradas nas pessoas e o envolvimento das comunidades continuam a ser essenciais. Ao capacitarmos as comunidades, asseguramos que as intervenções no âmbito das DTN são não só eficazes, mas também equitativas e sustentáveis.
Sinto-me particularmente orgulhosa dos progressos realizados através do programa de Mentoria Mwele Malecela. Este mês, lançámos o segundo grupo deste programa para promover a liderança das mulheres na luta contra as DTN, elevando para 15 o número total de mulheres especialistas que receberam orientação. Esta iniciativa transformadora reflecte o nosso empenho em promover a igualdade de género na saúde mundial.
O nosso objectivo derradeiro é claro: uma África livre de doenças tropicais negligênciadas.
A eliminação não é apenas um sonho, é um objectivo que está ao nosso alcance. Até ao final de 2024, 20 países da nossa Região tinham eliminado pelo menos uma DTN. Este mês, celebrámos o facto de o Níger ter sido o primeiro país da Região onde foi verificada a eliminação da cegueira dos rios, e a Guiné tornou-se o nono país onde foi validada a eliminação da doença do sono enquanto problema de saúde pública.
A conquista notável do Togo, o único país a nível mundial onde foi validada a eliminação de quatro DTN, é mais uma prova do que é possível fazer quando a determinação se alia à acção.
A eliminação das DTN vai além da melhoria dos resultados no domínio da saúde. Liberta o potencial dos indivíduos, das famílias e das comunidades. As crianças podem frequentar a escola, os adultos podem trabalhar de forma produtiva e as sociedades podem prosperar.
Renovemos hoje a nossa determinação em Unir, Agir e Eliminar. Juntos, podemos alcançar um futuro em que as DTN não constituem um fardo para as nossas comunidades.
Saiba mais:
- Esforço para eliminar as DTN na Região Africana da OMS - A OMS numa era de transformação
- Programa de Mentoria Mwele Malecela para as Mulheres em Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN)
- Pôr fim à negligência: Ensinamentos de uma década de sucesso na resposta às DTN
- Apoiar a luta contra as doenças tropicais negligenciadas no Sudão do Sul
- A OMS na Região Africana congratula-se com o novo compromisso dos parceiros mundiais para acabar com as doenças tropicais negligenciadas