Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África
A 18 e 24 de Novembro, a Região Africana junta-se ao resto da comunidade mundial na comemoração da Semana Mundial de Sensibilização para o Uso Consciente de Antimicrobianos, que visa chamar a atenção para os riscos associados à má utilização de antibióticos e antimicrobianos.
O tema retido para este ano é “Promover a consciência e acabar com a resistência” e pretende encorajar o público e as partes interessadas de todos os sectores da saúde (humana, animal e ambiental) a tomar medidas contra esta grande ameaça de saúde pública.
A resistência aos antimicrobianos ocorre quando os medicamentos deixam de funcionar como deveriam contra doenças transmissíveis, porque os micróbios se adaptam e se protegem, levando a infecções resistentes aos medicamentos.
Na Região Africana da OMS, mais de metade das mortes são causadas por doenças transmissíveis que são tratadas com antimicrobianos. A ameaça da resistência põe, portanto, em risco décadas de progresso na luta contra o paludismo, o VIH/SIDA, a tuberculose e infecções sexualmente transmissíveis, entre outros.
Para manter os ganhos contra as doenças infecciosas e reforçar os sistemas de saúde, a OMS está a apoiar medidas que visam combater a resistência aos antimicrobianos. Nos últimos 12 meses, oito países aderiram ao Sistema Mundial de Vigilância da Resistência aos Antimicrobianos (GLASS) da OMS, elevando para 32 o número total de países africanos participantes . Este sistema ajuda a melhorar a disponibilidade de informação para a tomada de decisões e a apoiar o reforço das capacidades.
Estão em curso formações sobre resistência aos antimicrobianos destinadas aos profissionais de saúde, incluindo como parte da resposta à COVID-19, para aumentar a sensibilização para os riscos de prescrição ou distribuição inadequadas de medicamentos, e a importância das práticas de higiene para prevenir a propagação de infecções.
Numa formação de dimensão sem precedentes, realizada em Novembro de 2020, 170 inspectores dos serviços de regulação de todos os países da Região Africana aprenderam a integrar as medidas contra a resistência aos antimicrobianos nas inspecções regulamentares e dos produtos de fabrico. Isto ajudará a reforçar os sistemas regulamentares e de fabrico para fazer face à resistência aos antimicrobianos. Além disso, para melhorar a testagem de rotina do desempenho dos antimicrobianos, o Togo implementou um programa de mentoria para os laboratórios de microbiologia públicos e privados.
Muitos países africanos elaboraram planos de acção nacionais contra a resistência aos antimicrobianos e, para melhorar a implementação desses planos, a OMS criou recentemente uma nova ferramenta para o cálculo dos custos e orçamentação dos planos. A utilização desta ferramenta ajudará a mobilizar recursos nacionais e de parceiros no combate à resistência aos antimicrobianos.
Em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a Organização Mundial da Saúde Animal, o CDC de África, o Gabinete interafricano para os recursos animais da União Africana e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a OMS está a organizar este ano a terceira campanha conjunta da Região Africana para celebrar a Semana Mundial de Sensibilização para o Uso Consciente de Antimicrobianos. O evento virtual deste ano, que contará com a presença dos parceiros e dos governos, irá centrar-se na melhoria da governação e da responsabilidade partilhada pela prevenção da resistência aos antimicrobianos.
As acções levadas a cabo pelo governo para reunir diferentes partes interessadas serão fundamentais, nomeadamente no que diz respeito ao estabelecimento de estruturas, plataformas e orçamentos nacionais específicos, e à criação de parcerias com o sector privado para limitar o uso de antibióticos na criação de gado e na aquacultura, e para melhorar as infra-estruturas de abastecimento de água e saneamento de modo a limitar a propagação de infecções.
Por último, todos nós desempenhamos um papel no combate à resistência aos antimicrobianos. O que é fundamental é usar apenas medicamentos conforme receitado por um profissional de saúde licenciado e certificar-se de que faz o tratamento prescrito na sua integralidade.
A utilização indevida ou abusiva de antimicrobianos constitui um risco para todos, façamos por isso o nosso melhor para promover a consciência e acabar com a resistência.
Saiba mais:
Global Leaders Group on Antimicrobial Resistance: Financing To Address Antimicrobial Resistance
Ferramenta da OMS para o cálculo dos custos e orçamentação da resistência aos antimicrobianos